quinta-feira, setembro 28
quarta-feira, setembro 27
terça-feira, setembro 26
segunda-feira, setembro 25
Um touro por dia
Penso que acerto, erro na mosca. Troco, excluo, faço uma cara, entro em assuntos gerais.
E chegou a 6 mil nesse arrasto, com umas almas de assalto e uns amigos sempre fiéis.
Que me fazem temer. Temer pelo texto seguinte, meu ânimo, eu nem reclamo, quem escreve deve fazer.
É um touro por dia, acerto e erro, até porcaria, a “coisa mais esquisita”, me disse Carpinejar.
Por isso, alguns vieram, outros passaram, o certo é que dei ao espaço, um traço, e muito, muito de mim.
E nada de mimo, elogio, tolerância, (se houve, foi na medida), senão já ficava metida, Vitrola sem mais amor.
Como no amor.
domingo, setembro 24
Gente nova na Feira
Os autores: Roberta Guazelli Rech, Aline Zanotto, Aline Fatori, Juliano Machado, Carina Gaviraghi e Everton Terres Cardoso.
Todos já concluíram o curso, mas a experiência se estendeu até agora.
sábado, setembro 23
sexta-feira, setembro 22
quinta-feira, setembro 21
Cena furtada do real
Demonstrei surpresa com a ação, afinal (mesmo sendo feriado) bem no Centro, ao meio-dia... e o cara me disse:
— Fica na tua, que não dá nada.
Eu disse, Ok!, Ok!
Ele, deitado na porta da loja, um dos braços enfiado entre as grades e o vidro partido, sem parar a ação me disse:
— Eu tô tirando dos ricos!
Eu, sério, disse, OK!
E fui apressando o passo sem olhar pra trás.
As Bodas de Ano Nenhum
Recair, ao que sugere, não é o cair de novo.
Recair é voltar à casa, aos filhos, estão bem? falta algo? como vão as reformas, vai longe aquele carnê.
Recair é preocupar-se, é estender as mãos. É interesse, carinho, afeto, recair é uma forma mais forte de se orgulhar.
É dar o braço a torcer. Não é pedir arreglo, penico, copo d’água, reclamar amor.
Recair é muitas vezes estar alegre, recair é dançar.
Pleno e vivaço, o casal que recai no rock vive a sua Bodas de Ano Nenhum.
Recai a criança à chupeta. Recai o avô ao baralho. Inconstância velha de guerra, Volver a los 17, recaímos em alergias, em doenças, como morrem arrependidos por não recair!
Fraquejar já não é pecado. Por isso os confessionários extintos.
pr
quarta-feira, setembro 20
Milk-shake
Uma vez, artes lá de pirralho, sugeriram que não mais aparecesse.
Minha mãe não deixou o emprego. Mas ficou solidária.
E como não podia mais “pisar” no hotel, sempre pouquinho antes, pouco depois, eu ouvia seus passos chegando em casa ao meio-dia. Andava três quadras, ela com uma panelinha.
Eu só fazia bicos, graxa e entrega de jornal. À noite, panelinha, cansada, a Carmem lá. Arrumando panelinha e o pano antes de dormir.
Era esta a imagem: a panela num pano-de-prato com a comida remexida pelos passos apressados.
Eu acho que minha mãe agia bem.
Anos depois, eu introduzia a sonda para a sua alimentação após um AVC.
No Hospital, lembro quando decidiram a alimentação pelo nariz. Tinha um mingau do Governo do Estado, e eu muito caminhei até convencer umas garotas do Postinho de Saúde que era urgência. PORQUE ESTAVA EM FALTA.
Enfim, me deram o tal milk-shake que eu complementaria com sal.
Eu lavava os frasquinhos e tudo ali medido eu ia então para a enfermaria que o quarto virou. Até hoje tem coisa aqui... frascos, filtro, saco!!
Mas o que sobrou mesmo foi a disciplina do Milk: manhã, tarde, às 20h. Às duas da manhã.
Insuportável aroma de milk. E por isso eu preferia a dieta do sal que era assim:
1 ovo inteiro cozido
1 batata média
3 colheres de feijão cozido
4 colheres de sopa de legumes cozidos
500 ml de carne
Com estes ingredientes começo Cozinha Gorda. O livro é dela.
segunda-feira, setembro 18
Carta à Stela
Em teu nome, Stela, ou melhor, em nome de algumas coisas que sobraram, talvez miúdas, talvez muito significativas, mas coisas nossas ainda, preciso dizer.
As direi, talvez a mim, dispensadas a ti.
Sim, porque já não interessa o que fiz o que faço, como estou, aonde vou.
É tácito, eu percebo: a gentileza com que ainda me atendes é fruto de tua educação. Atender meus reclamos, minhas chatices, é uma forma de ser gentil e polida e logo se livrar.
Não, esta carta não será um porre. Ela será bem bacana, sincera e só.
Já não vou às esquinas, Stela. Já não tenho saco para a espia que humilha.
Espiar, espiar, quantas vezes fiz isso?!
Já não faço. A cidade ficou grande. Já não fico pirado ao onde andas e com quem.
Fico furioso é quando recaio como ontem aconteceu.
E fico feliz em me ver ainda bom coração, logo recuando das coisas graves que mais uma vez desferi.
Fera ferida. Fera ferida de amor, mas amor que começa a esmaecer. É tão triste constatar isso: começa a esmaecer, Stela.
Teu Pedro (amigo à primeira vista e de um imenso amor que nunca senti por um não parente meu), teu Pedro seria “o meu filho”.
Repito: Pedro seria o meu filho!!!
Não o será. Lamento.
E o casamento previsto nas cartas?
Erro. As cartas se embaralharam, infelizmente.
Mas onde quero chegar, sem ser dramático — será que estou?
Onde quero chegar, Stela, é apenas dizer:
Não seremos amigos, nunca seremos. Fomos o amado um do outro. Não se retrocede à amizade, que é princípio do amor.
Fomos amados e é isso que vai ficar.
Respeitarei o que nos prometemos, Stela. De nada me arrependo, mas a minha saúde implora que eu agora cesse...
Ok, eu sempre exagero (és gentil!, és disposta!), é apenas uma mulher.
E tá difícil, está sendo do cachorro e ontem eu recaí...
... sou humano. Sou um super HUMANO e recaí.
Recaí por solidão! Solidão que às vezes me pega a mão e faz escrever coisas assim.
Receba agora.
pr
domingo, setembro 17
sábado, setembro 16
A Cozinha vai às ruas
Feira do Livro de Caxias do Sul. Sessão de autógrafos, 13 de outubro, 18 h, Espaço de Convivência.
Feira do Livro de Porto Alegre. Sessão de autógrafos, 28 de outubro, 17h30, Pavilhão.
sexta-feira, setembro 15
Bonita como uma ponte
E eu sempre fiquei com isso até que ontem a reencontrei:
Bonita como uma ponte.
Eu a modificara, o tempo a fizera por mim.
Mas, o que é ser mesmo bonita como uma ponte? Porque, se pensar, uma ponte no entardecer vale mesmo.
Uma ponte feita de solidão há em Bom Jesus... e é bonita É a mais bonita.
A minha ex-namorada também era bonita.
O último aceno de minha mãe no pós-cirúrgico foi como uma ponte.
As pontes de pau e pedra, como se vê, são bonitas. Há pontes para o coração.
A Ponte Verrazano em Nova Iorque é grandiosamente bela. A Hercílio Luz de Floripa é um cartão de amor.
Procure notar as pontes. Não as suas vigas, seus arcos, a base e o bloco puro concreto.
Fique na paisagem geral: um aceno de mãe, uma ex-namorada, o gostar de uma frase por muitos anos até ela se resolver como os rios.
Bonita como uma ponte!
pr
quinta-feira, setembro 14
O feijão e o azul
é um cínico, confessa
poeta põe asas no azul
O poeta é um risco
ele atenta
o poeta gosta de maliciar
aos miseráveis, processa
o poeta não presta
vive de vento
busca o nada
espuma no mar
O poeta de tão abstrato é um babaca
O poeta
de tanto que se embaraça
o poeta empina o nariz
é um trompetista de silêncios
ser poeta é ser turfista
poesia é apostar
cochila de saudade ali um poeta
e o poeta marca o seu gol
quando levanta
se lava, ama
sofre, morde
quando, poeta, come feijão
diariamente, comum!
pr
quarta-feira, setembro 13
terça-feira, setembro 12
Cor do Vento
www.cordovento.blogspot.com/
Ira é o homem da Literatura de Cordel, e desenvolveu uma bela monografia aqui na UCS antes de se bandear pra Belo Horizonte.
Abraço, amigo
segunda-feira, setembro 11
Tânia
Sobretudo, Tânia era generosa.
Ela topou a parada, e isso, na UFRGS, era prova de coragem!
Tânia estimulava os seus alunos.
Obrigado, Mestra!
Teia
sábado, setembro 9
Sombra
A sombra é limpa, seca, molhada, a sombra navega o pentelho que se urinou.
A sombra acompanha, teima e reclama, a sombra que a forca inverte vira um balão.
Sombra menina, sombra perneta, a sombra anda na água pra não se afogar.
A sombra que pensamos soleira é a luz bem parada.
O pólen é a sombra da flor que saiu pra voar.
Sombra doce, sombra salgada, já viram nos contos de fadas a sombra falar?
Sombra postiça, sombra branca, sombra de tília e galinha, sombra que não é.
O corvo é a sombra, ele mesmo. Voa sombra peluda, careca, a sombra que aumenta e deforma é a sombra das mãos.
É cavalo, girafa, é um sapo, a sombra é a gente depois.
A sombra é um desenho provisório.
A sombra em que eu me olho é a vida se vendo.
pr
sexta-feira, setembro 8
quinta-feira, setembro 7
Pára de falar agora
PÁRA DE FALAR AGORA!
Será como um sopro quente o que ela estará dizendo e será quente como a música e será quente como ambiente e será bom pra você saber que a vida de um bar é bem legal por aí!!
É. Eu estou contando de uma garota que mandará você parar de falar e você deverá saber que num bar decente é bem razoável ouvir isso de sua garota e porque você também saberá que a noite deve continuar.
Será jogo duro, meu garoto. Aquele PÁRA DE FALAR AGORA continuará e se arrastará com
a fumaça e aquele ar morno que só sabe ter um bom bar. E você dirá, tudo bem!
Sim, um Bar, meu caro, é onde a sua garota poderá dizer PÁRA DE FALAR AGORA!
E você deve.
Ela terá o seu bom motivo e você ficará em silêncio e poderá compreender que isso não é incomum e que você ainda tem um grande amor por esta garota e que isto voltará ainda um pouco e com todo o efeito na hora de dormir.
PÁRA DE FALAR AGORA. Será você com seu travesseiro e vai ficar tudo bem porque a música era mesmo decente e a sua garota não tinha outra coisa a fazer.
PÁRA DE FALAR AGORA!
Vai por mim, garoto, ela dirá. E você compreenderá que elas estão sempre com a razão.
quarta-feira, setembro 6
Um sonho a mais não faz mal
Tivesse pintado o meu rosto
Tivesse tratado as formigas
Tivesse curtido o mar
Um bom namorado eu seria
Tivesse juntado gravetos
Tivesse ponderado na intriga
Tivesse amado sem cobrar
Eu sempre seria elegante
Tivesse comprado gravatas
Tivesse contido a bravata
Tivesse somado o perdão
eu seria
tu serias
homens e mulheres seriam
leais e íntegros
tivessem sonhado
pr
terça-feira, setembro 5
Velha postura de guerra
postura mais besta
postura que faz da pele
a pele da outra pele
a pele da Avon
a postura do trânsito
a postura do tempo
postura mais triste
ao chorar filho seu
o código de posturas
a impostura da Câmara
a postura dos ombros
o exemplo na Cruz
a postura das pernas
a postura no tango
postura formiga ou cigarra
a postura de todo o vaidoso antes de morrer
a postura que abriga
a postura do abraço
velha postura de guerra
revista e cheirada ao pé do avião
pr
segunda-feira, setembro 4
domingo, setembro 3
Não ter filhos
Não ter filhos é como uma pazinha de praia não existir. E não ensinar jogar snooker, não ter filhos é jamais poder dizer, venha cá, guri!
Não é completo o ser humano sem ter filhos. É papo furado quem diz não querer.
Eu teria filhos até com as minhas primas; não ter filhos e não poder dar um abraço na hora de chegar...
Não tenho filhos e por eles eu fritava ovo, que não frito. Não ter filhos é não dizer, Pedro, Melissa, com sotaque de amor.
Não ter filhos, quem nunca os teve pode imaginar!
Não ter filhos, não ser pai, arranha a vaidade, mas o pior é a saudade que não se tem de quem ter!!!
Não ter filhos é amor represado e, se o seu pai “não teve” o filho que teve, isso aumenta ainda mais.
Pai sem filho morrerá preocupado com o quê?
Não ter filhos é como não ter colo, é como não ter joelhos pro cavalinho cataplá!
Um pai sem filho é ainda mais sabê-los, Seu Vinicius de Moraes.
sábado, setembro 2
A ofensa da criação
A ofensa fala e engole. Ofendeu, ofendido está.
A ofensa é a falsa humildade. A ofensa impera geral.
A Casa das Ofensas que é a tv. A ofensa bem urinada faz bem pros rins!
A ofensa vira mania. A ofensa vira bebida. A ofensa vira um baralho, é muita ofensa por nada que meu voto é um só.
Justiça por ofensa vira boa ação. A ofensa na cor se atualiza nas lojas, cadê seu Cartão???
A ofensa da paciência. Um Seu Gilião Ofensa que eu conheci.
A ofensa que brinca no riso do cabelo aos pés. Ofensa de alegria, ironia, quem é que vai saber!?
O prazer da ofensa é o pior.
A ofensa entre quem ofende e se dá por ofendido. A ofensa é uma retribuição.
A ofensa da amizade é o conselho. Há ofensa pro cachorro, nunca vi ofender leão.
A ofensa das franjas nos antigos cabelos. A ofensa, quando bem viva, é a ofensa do olhar.
A ofensa é o mais humano de Deus por aí.
E Deus, será que ofendido, assim nos fez?
pr