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quarta-feira, outubro 20

Sartori e a feira

Em 2006, um grupo de alunos do jornalismo da UCS lançou O Livro da Feira. Trata-se da trajetória da Feira do Livro de Caxias do Sul, com seus personagens e evolução ao longo de 21 edições até 2005. Eu tive o prazer de coordenar a pesquisa.
À época do lançamento, o secretário de Cultura, Antonio Feldmann, me alertou que havíamos cometido uma pequena injustiça com José Ivo Sartori. O prefeito teria comentado que o início da história da feira, “não era bem como foi escrito”.
Nossa fonte é um depoimento de Idalino Zorzi, bravo livreiro da Sulina, em tempos da ditadura, que chegou a enterrar livros de esquerda para evitar a repressão do período. Segundo Idalino, no começo dos anos 70, por iniciativa dele (e porque os professores da UCS indicavam muitas obras), resolveu vender livros em cima de uns caixotes, em frente ao Juvenil, ao lado exatamente onde ficava a Livraria Sulina.
De acordo com Idalino (e é isto o que relata O Livro da Feira), a iniciativa de se fazer uma feira, que seguisse os moldes da que se realizava há 20 anos em Porto Alegre, foi em outubro de 1975. Juntamente com Mauro Martins, da Martins Livreiro, da capital, já experiente na área, Idalino organizou um evento com duas barracas em frente à Catedral. Os livreiros locais não demonstraram interesse, mas ainda assim aconteceu. O apoio veio de Leopoldo Boeck Filho, da Sulina, que conseguiu as bancas da feira de Porto Alegre.
Esta teria sido a primeira feira do livro de Caxias (sem contar uma remota iniciativa do então vereador Pedro Simon, em 1961, que também organizou uma exposição de livros). Mas, com trajetória contínua, a feira de 1975 teria sido a primeira.
O livro não cita a participação do então dirigente estudantil da UCS, José Ivo Sartori, na organização da primeira feira. O prefeito lamenta esse nosso esquecimento. No encerramento da feira, neste domingo, Sartori voltou ao assunto. Eu sabia que o chapéu me servia, pois estava bem à frente do palco.
Sartori citou que estiveram aqui, além do Paixão Côrtes, Barbosa Lessa, Canini, Edgar Vasques, o Mario Quintana! Sartori disse: “deixa pra lá”, que a História não registre a sua participação na feira pioneira; o que importa é que a feira de agora está ótima. “Deixa pra lá”, mas nos cobrou.
E, por isso, meu interesse pelo engano. De acordo com o que apuramos, Barbosa Lessa e Quintana estiveram aqui na feira de 1976. Portanto, a “segunda feira”.
Certamente, pesquisa que busca memórias nunca estará fechada. E a César o que é de César. Se há algum equívoco, ou omissão, que seja reparado na edição seguinte.
Crônica no Pioneiro.

quarta-feira, outubro 13

Livros a 2 pilas

A maior atração da feira deste ano é a venda de livros a R$ 2. Sem dúvida, uma grande sacada, são os livros mais vendidos e os leitores agradecem.
Vejam só. Eu ando dizendo por aí que não vou ao Paul McCartney porque é R$ 620. Por este valor, nem para assistir Jesus Cristo eu pagaria. Eu ainda pechincharia.
Com esta mentalidade não sovina, mas a favor do acesso irrestrito à arte, eu acho, sempre achei a Cultura cara.
Shows e livros são caros. Os livros, então, um valor incompreensível, já que as editoras são isentas de impostos na produção das obras.
Com valores sempre nas nuvens, não é raro ver alunos colocando o livro como vilão ao lado das mensalidades nas universidades. Os alunos dizem que “quebram”, se compram o recomendado.
Por isso, é bem-vinda a iniciativa da venda de livros a R$ 2. São saldos, ok, mas não fossem vendidos agora a 2 pilas, estes livros restariam em depósitos sujeitos ao mofo, à umidade, ficariam enchendo espaço.
Os autores por certo vibram. Querem mais é que suas obras circulem, sejam lidas.
Paixão Côrtes, patrono da feira de Porto Alegre deste ano, e matreiro com estas coisas de Cultura, é ainda mais radical: distribui seus livros de graça. Dá seus livros nas sessões de autógrafos e assim vai disseminando o assunto que lhe interessa.
Um parêntese. (Lembro que nosso “grupo”, amigos de Bom Jesus, mais o bumbo leguero do Renato Araújo da Famecos, embarcou na onda dos festivais nativistas em 1983; e distribuímos também livretos nas portas dos ginásios da Ciranda, em Taquara, e Cachoeira do Sul, na Vigília).
Entre nós, agora, com o Financiarte da prefeitura (que subsidia as obras), também se pode fazer o mesmo. De certa forma, se faz, pois a contrapartida dos projetos sempre é destinar os livros para colégios e bibliotecas, atingindo milhares de alunos.
E do Financiarte, então, o que sobra, que se venda a 2 pilas!
Livros a R$ 2.
Na feira de Bom Jesus, no mês que vem, vou vender a este preço.
***
O que me intriga, nesta minha “conspiração pela cultura barata”, é que um ótimo papo com o Daniel Galera (sobre narrativas contemporâneas e DE GRAÇA), atraiu apenas meio auditório. Aí, eu fico sem argumentos.

Jornal Pioneiro de hoje.

quarta-feira, outubro 6

Os magros viraram tios

Olha o professor Aníbal Damasceno de novo aqui na crônica. Semana passada, falei dos pitacos dele com relação à literatura. Professor de cinema na Famecos da PUC, o professor Aníbal tinha lá suas discussões com um jovem professor de fotografia, mas que gostava ainda mais de cinema, Carlos Gerbase.
O Aníbal se queixava que o Gerbase sentava o pau na sua geração de cineastas, que os julgava ultrapassados, caretas. E o Aníbal então contava sobre a seguinte imagem que criara para responder ao Gerbase. Dizia que a turma dele, Aníbal, era a dos “magrãos”, pronunciado assim mesmo como a grafia. Que a turma do Gerbase, que sentava a ripa, eram os “magros”. E que o Gerbase um dia iria “pagar”, porque, pela evolução da espécie, eles ainda seriam taxados de caretas e ultrapassados pela turma dos “magríssimos”.
Não deu outra. Se observamos a Casa de Cinema (do Gerbase, do Jorge Furtado), hoje, ela passou a ser vista como uma espécie de refúgio dos “tios” (os magros) pela nova geração. São os magríssimos em sua hora e com as suas mais recentes tecnologias, como dá para se observar na produção do Histórias Curtas que começou na RBS TV no sábado.
Mas, passando para o âmbito da literatura. A imagem dos “magros” do Aníbal também se aplica perfeitamente. Na Literatura Gaúcha, digamos, mais contemporânea, os “magrãos” seriam aqueles herdeiros de Erico, entre os quais se incluem Josué Guimarães, Assis Brasil e Tabajara Ruas. Uma turma de escritores ainda compromissada com um Rio Grande que tinha como Sul a herança cultural ligada ao campo, às tradições de família e as suas circunstâncias.
Nos anos 80, finalzinho deste, surgiram autores (seriam os magros), como Luiz Sérgio Metz, Paulo Bentacur, Juremir Machado, Luís Augusto Fischer, que representariam uma espécie de turma do “apartamento alugado”, isto é, criadores de classe média, que não tinham compromisso com a “tradição” de família, com a estância remota, e passavam a enxergar um Rio Grande já urbano. Portanto, com enfoques mais livres na estética. E João Gilberto Noll seria exatamente a ponte entre os “magrãos” e os “magros”.
Na passagem de século, e com a internet já fazendo parte de nossas vidas, surgia a geração dos “magríssimos”. Com Cardoso, principalmente no começo, apareceram os primeiros blogs. E com eles Daniel Galera e Clara Averbuck. Depois, já nos anos 2000, numa editora, a Livros do Mal, aparecia de novo Daniel Galera, Daniel Pelizari e outros. É com o Galera, da turma dos “magríssimos”, que estarei na Feira do Livro nesta sexta. Falaremos não só da produção gaúcha, mas da Literatura Brasileira contemporânea.