Sartori e a feira
À época do lançamento, o secretário de Cultura, Antonio Feldmann, me alertou que havíamos cometido uma pequena injustiça com José Ivo Sartori. O prefeito teria comentado que o início da história da feira, “não era bem como foi escrito”.
Nossa fonte é um depoimento de Idalino Zorzi, bravo livreiro da Sulina, em tempos da ditadura, que chegou a enterrar livros de esquerda para evitar a repressão do período. Segundo Idalino, no começo dos anos 70, por iniciativa dele (e porque os professores da UCS indicavam muitas obras), resolveu vender livros em cima de uns caixotes, em frente ao Juvenil, ao lado exatamente onde ficava a Livraria Sulina.
De acordo com Idalino (e é isto o que relata O Livro da Feira), a iniciativa de se fazer uma feira, que seguisse os moldes da que se realizava há 20 anos em Porto Alegre, foi em outubro de 1975. Juntamente com Mauro Martins, da Martins Livreiro, da capital, já experiente na área, Idalino organizou um evento com duas barracas em frente à Catedral. Os livreiros locais não demonstraram interesse, mas ainda assim aconteceu. O apoio veio de Leopoldo Boeck Filho, da Sulina, que conseguiu as bancas da feira de Porto Alegre.
Esta teria sido a primeira feira do livro de Caxias (sem contar uma remota iniciativa do então vereador Pedro Simon, em 1961, que também organizou uma exposição de livros). Mas, com trajetória contínua, a feira de 1975 teria sido a primeira.
O livro não cita a participação do então dirigente estudantil da UCS, José Ivo Sartori, na organização da primeira feira. O prefeito lamenta esse nosso esquecimento. No encerramento da feira, neste domingo, Sartori voltou ao assunto. Eu sabia que o chapéu me servia, pois estava bem à frente do palco.
Sartori citou que estiveram aqui, além do Paixão Côrtes, Barbosa Lessa, Canini, Edgar Vasques, o Mario Quintana! Sartori disse: “deixa pra lá”, que a História não registre a sua participação na feira pioneira; o que importa é que a feira de agora está ótima. “Deixa pra lá”, mas nos cobrou.
E, por isso, meu interesse pelo engano. De acordo com o que apuramos, Barbosa Lessa e Quintana estiveram aqui na feira de 1976. Portanto, a “segunda feira”.
Certamente, pesquisa que busca memórias nunca estará fechada. E a César o que é de César. Se há algum equívoco, ou omissão, que seja reparado na edição seguinte.
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