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O fim do GeoCities
Peço desculpas pelo transtorno, mas os textos e imagens suplementares deste blog, embora ainda apareçam aqui na tela de origem, foram para o espaço desde segunda-feira. Estas ilustrações das laterais do blog estavam hospedadas no GeoCities e o Yahoo resolveu simplesmente eliminá-lo. Menos mal que os textos e imagens centrais estão preservadas, pois foram postadas via Blogspot. “Desculpe, o site do GeoCities que você está tentando acessar não está mais disponível”.
Apenas isso lá no site deles. Em breve, precisarei de tempo para os ajustes, vou refazer o blog. Obrigado pelas visitas.
As duas casas
Sou despertado pelo celular com uma mensagem: “seu aparelho foi sorteado com uma casa”. Reajo friamente à mensagem, concluindo logo se tratar de algum golpe ou chateação de vendas. Não posso ser sorteado de nada, porque não comprei nada, não me inscrevi em nada, estou alheio a estas propostas. A origem da mensagem é de uma rede de tevê que não assisto, não faço a mínima ideia, mas ainda assim me inquieto. De onde, afinal, esta pegadinha, ou vá lá que seja verdade?! A sorte até me cairia bem porque não tenho casa. A última que tive, na verdade a casa de D. Carmen, num terreno da prefeitura no Bonja, foi devidamente devolvida porque concluí que era o certo, já havia servido, ela estava morta. E estou agora com esta mensagem pedindo que ligue para um número (numerozão que não se acaba), que ligue do meu telefone fixo, “grátis”, para GANHAR uma casa. É muita promessa para o santo que aqui desconfia. Decido. Antes de sair dando o meu número (o que farão depois que eu corresponda ao trote?), irei a uma destas lojas da tal rede para ver como é isso, esta “nova casa” que já fantasio. *** Enquanto isso, na minha casa real, continua o mesmo papo. Câmera em outras casas ligadas na internet. Nos meus domingos predomina a rancheira, agora com sessões também às sextas. E vivo cercado por mais três igrejas. Há tevês e as pessoas no prédio de lá dormindo na sala. Eu olho muito na janela e deixo outras cidades perdidas aqui dentro. Eu olho para esta Caxias da graça de 2009. Vejo os prédios que “sobem”, o tempo que anda rápido, os e-mails que nos anseiam. Esperamos mensagens e visitas no site e “visitas” virtuais se parecem com aquelas formas que esvoaçam das árvores. Aquelas “visitas” tocadas pelo vento que entram em nossas janelas e nos trazem bons ou maus pressentimentos. Este ano não foi de visitas. Londres, por cabos, está aqui na sala. É a visita que recebo. Minto. Outro dia, recebi um presente. É o estudo de uma amiga sobre Glaucha. Saiu há 20 anos este livro e agora comprovo não ser mais meu mesmo. Livros que publicamos deixam de ser nossos. E daí que encontro coisas confirmadas, e muitas coisas melhores que só posso creditar à riqueza da leitura. Há uma passagem no estudo em que ela analisa uma casa velha. Casa de madeira, a minha primeira casa. Vai que ainda compro esta casa por conta de algum sorteio!!! Crônica no Pioneiro de hoje.
Formatura sem fotógrafo
O ano de 1959, em Bom Jesus, começou com uma procissão reparadora. Naquele janeiro foram encontradas hóstias grudadas por baixo dos bancos da igreja e os padres organizaram o cortejo para redimir o pecado. E mais. Como consequência, engrossaram o carnaval, não houve sequer bailes, trocaram por uma “gincana”. Os freis de Bom Jesus não estavam pra brinquedo. Frei Amadeu de Caxias havia fundado o Ginásio três anos antes e receberia o título de cidadão bonjesuense naqueles dias. O primeiro fusca circulava no Bonja. Mas, foi uma outra notícia que sacudiu a cidade: a transferência do capuchinho. Frei Amadeu, se soube, seguiria para o Rio, mas, se viu depois, acabaria em Brasília. A nova capital se criava e, já em 1961, numa igreja modesta, Amadeu batizaria a primeira filha de Brasília. Jussara, homenagem a Juscelino e Sara Kubitschek que foram os padrinhos da menina. Em Bom Jesus, no Ginásio, assumiu frei Getúlio. Filho de Vacaria e revolucionaria a escola. Era um 1959 de novidades. Foi criado o Parque Nacional dos Aparados e, em novembro, Adílio Palma Velho venceria pra prefeito. No dia em que morreu Heleno de Freitas (centroavante do Botafogo, o chamado “diamante branco”, e eu estou aqui engrossando o texto via Google) a Pia União de Maria, era a Festa da Imaculada, atravessou a nave da igreja. Vinham vestidas de branco, cada uma trazendo vela e puxavam um cortejo. Era um “exército de Inezinhas’, a Pia União do futuro, e já não se sabe de fotos. É que na formatura dos ginasianos os fotógrafos também não apareceram. Deixaram de fazer o registro porque estavam paralisados. E, devido àquela greve, os seguintes alunos não “tiraram fotos” na cerimônia: Antônio Carlos, Ceni e Cleno. Cleuza, Elisa Maria, Eloar e Elohi. Guilhermina, Ilva e José Luis. Lourdes Maria, Luís Carlos e Maria Adelma. Maria Magdalena. Paulo Alfredo. Roberto. Rubens Antônio. Severino, Simeão Daniel e Solon. Victor Antônio e Wilson. Acabou-se o assunto. Eles estão agora no instantâneo da crônica.
Crônica no jornal Pioneiro de hoje.
Duda Guennes
Meu Brasil Brasileiro no formato eletrônico. Foi esse o motivo que me levou a caçar na internet o livro do Duda Guennes. O Duda é ainda exilado político (além dele só sei do Ivan Lessa, ainda em Londres), está em Lisboa desde 1974, chegou com a Revolução dos Cravos e nunca mais voltou. Duda foi namorado da Nara Leão. Trabalhava em O Globo, fazia parte do Pasquim, e foi ser correspondente em Lisboa. Lá, colaborou com Josué Guimarães num jornal também humorístico, que tinha nome de tanque de guerra num Portugal que se redemocratizava. Não achei o livro, mas achei o e-mail do Duda. Tasquei uma mensagem: perguntei se lembrava que, em 1985, através do Assis Pacheco, cheguei como um “embrulho”, apresentado como um conterrâneo que precisava de emprego. No e-mail, falei que, de novidades, só tinha uma, quentinha: o seu Fluminense tinha derrotado o Santo André, e passado a lanterna para o Sport do seu Recife, que o Duda é pernambucano. Imaginem isso: um sujeito, desde 1974 em Lisboa, saber de uma novidade destas! Tem um tremendo significado, pô!, ele é Flu como o Nelson em seu tempo. Desde 1980, Duda escreve uma coluna para o jornal A Bola. É a mais antiga coluna de Lisboa, e que resultou no seu único livro, Meu Brasil Brasileiro, que traz histórias de futebol, histórias hilárias, claro, e que eu tenho curiosidade. Uma delas: Garrincha, certa vez, respondeu a um diretor que lhe chamou de boêmio por frequentar boates. “O senhor também já foi visto várias vezes em velório e não é defunto.” O Duda tem mesmo várias histórias. Escreve sobre candomblé, sobre o folclore brasileiro, além de contar também coisas inacreditáveis de seus amigos. Um deles (descobri pelo Mauro Ventura) colecionava “bens imateriais”. É. O cara colecionava apertos de mão. O sujeito trazia anotadas todas as mãos importantes que já apertara, de JK à Rita Lee, tinha o registro até da Rita Pavone. O Duda e as suas. Em 2001, atuou em A Bomba (hehe, será que o título do filme português já traz uma autocrítica embutida??), fazendo o papel de presidente do Brasil!!! Além de escrever para jornais e revistas, quando o conheci, Duda sobrevivia de traduzir as revistas de Walt Disney. Transcrevia do português brasileiro para o português de Portugal. Se ainda fazia isso, é a nossa maior vítima da reforma ortográfica. Crônica no Pioneiro de hoje.
Serenata de Os Serranos para Mercedes e Noêmia
Escrevo esta crônica no entardecer de domingo, a janela bem aberta para que entre o som da rua. E o som da rua hoje vem carregado de lembranças porque estou escutando Os Serranos. Sou vizinho do Recreio Guarany onde agora os meus conterrâneos tocam. E é uma peculiar serenata que eles compõem quando escurece: no dia da morte de Mercedes Sosa, me trazem à memória Noêmia, a minha tia sepultada em Florianópolis. Os Serranos tocam e me encerro num silêncio de 40 anos. Volto bem lá no começo, quando o Edson e o Frutuoso, o Chicão do Seu Nardinho, um outro que agora esqueço, fundaram Os Serranos. Era o primeiro grupo, ao qual logo se juntou o Everton Dutra, o Toco, que assumiria o contrabaixo. Em seguida, vieram para Caxias. Sim, Os Serranos, no começo, fizeram sua base em Caxias. Para conciliar música e estudos fundaram aqui uma espécie de República, que tinha também o Walter Grazziotin. Foi a D. Julieta, mãe do Walter, quem contratou a minha Tia Noêmia, já madura, para tentar “controlar” a casa e a rapaziada. E veio então a minha tia, espécie de esteio de nossa família em Bom Jesus, eu lembro, apesar de pirralho. Recordo que vínhamos visitar a Noêmia. A casa era em São Pelegrino, parece. Então que a minha Tia Noêmia foi testemunha das primeiras composições, de muitos ensaios, ouvinte de primeira hora das futuras composições do Edson e do que seriam Os Serranos. Bueno. Os Serranos foram depois para Porto Alegre e, por conta das Califórnias (protagonizaram um clássico, Veteranos), se projetaram. O fenômeno dos festivais perdurou. Deu tempo para que eu crescesse e fosse bater também em Porto Alegre. Fui viver numa outra República, onde a mesma Tia Noêmia era então cozinheira. Já contei aqui, na JUC Casa 7, se ouvia direto a Mercedes Sosa (Solo le pido a Dios, e as outras). Naquela época, febre ainda dos festivais, um dia apareci lá no Edson, que dividia o escritório com o Nico Fagundes. Edson me apresentou ao Nico e criei coragem de mostrar uns poemas. Eram fracos, um ou outro se salvava, e isso rendeu depois duas parcerias. O tema de uma das canções é a devastação das araucárias, se chama Serra-fita, serra vida. Os Serranos, culto das tradições, divertimento para as pessoas continentes afora, dizem agora aí na minha janela: “nem que passem 1000 anos não vamos afrouxar o garrão”. Ah, não afrouxam mais! E concordam Mercedes e Noêmia.
Crônica de hoje no Pioneiro.
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