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quarta-feira, outubro 7

Serenata de Os Serranos para Mercedes e Noêmia

Escrevo esta crônica no entardecer de domingo, a janela bem aberta para que entre o som da rua. E o som da rua hoje vem carregado de lembranças porque estou escutando Os Serranos. Sou vizinho do Recreio Guarany onde agora os meus conterrâneos tocam. E é uma peculiar serenata que eles compõem quando escurece: no dia da morte de Mercedes Sosa, me trazem à memória Noêmia, a minha tia sepultada em Florianópolis.
Os Serranos tocam e me encerro num silêncio de 40 anos. Volto bem lá no começo, quando o Edson e o Frutuoso, o Chicão do Seu Nardinho, um outro que agora esqueço, fundaram Os Serranos. Era o primeiro grupo, ao qual logo se juntou o Everton Dutra, o Toco, que assumiria o contrabaixo.
Em seguida, vieram para Caxias. Sim, Os Serranos, no começo, fizeram sua base em Caxias. Para conciliar música e estudos fundaram aqui uma espécie de República, que tinha também o Walter Grazziotin. Foi a D. Julieta, mãe do Walter, quem contratou a minha Tia Noêmia, já madura, para tentar “controlar” a casa e a rapaziada. E veio então a minha tia, espécie de esteio de nossa família em Bom Jesus, eu lembro, apesar de pirralho. Recordo que vínhamos visitar a Noêmia. A casa era em São Pelegrino, parece.
Então que a minha Tia Noêmia foi testemunha das primeiras composições, de muitos ensaios, ouvinte de primeira hora das futuras composições do Edson e do que seriam Os Serranos.
Bueno. Os Serranos foram depois para Porto Alegre e, por conta das Califórnias (protagonizaram um clássico, Veteranos), se projetaram. O fenômeno dos festivais perdurou. Deu tempo para que eu crescesse e fosse bater também em Porto Alegre. Fui viver numa outra República, onde a mesma Tia Noêmia era então cozinheira. Já contei aqui, na JUC Casa 7, se ouvia direto a Mercedes Sosa (Solo le pido a Dios, e as outras).
Naquela época, febre ainda dos festivais, um dia apareci lá no Edson, que dividia o escritório com o Nico Fagundes. Edson me apresentou ao Nico e criei coragem de mostrar uns poemas. Eram fracos, um ou outro se salvava, e isso rendeu depois duas parcerias. O tema de uma das canções é a devastação das araucárias, se chama Serra-fita, serra vida.
Os Serranos, culto das tradições, divertimento para as pessoas continentes afora, dizem agora aí na minha janela: “nem que passem 1000 anos não vamos afrouxar o garrão”. Ah, não afrouxam mais!
E concordam Mercedes e Noêmia.

Crônica de hoje no Pioneiro.