OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

terça-feira, novembro 30

Lúcia McCartney e Mister M

Houve uma época, eu li tudo, tudo o que Rubem Fonseca produzira. Os contos, sobretudo, porque é o nosso maior contista. Trata do Rio, da violência do Rio pré-narcotraficantes. Em Lúcia McCartney, um dos livros, um personagem diz: “o resto é tudo ficção”. Percebam a manha do escritor: está descrevendo o Rio, as suas circunstâncias, e diz que “o resto é ficção”. Ele diz na sua própria literatura que o que sobra é ficção.
Quer dizer: a realidade supera. E, sábado à tarde, portanto, antes da ocupação do Complexo do Alemão pelas Forças Unidas, Mister M., o braço direito de Pezão, o líder do tráfico no local, se entregou à policia sorrindo. Um sorriso aberto, com o ar aliviado, se apresentara na DP acompanhado da mãe, que junto com um outro filho pastor da Assembleia, o convencera a se render.
O sorriso aberto de Mister M. era “intrigante”, disse a repórter Marjorie, que eu acompanhava pela twitcam do jornal Extra, do Rio, que transmitia 24 horas. A tranquilidade de Mister M. no momento em que se entregou era um mistério. Que segredo Mister M. escondia?
Tomado o Morro do Alemão, no domingo, surpreendentemente, não houve a captura dos traficantes em massa. Se supunha (a julgar pela impressionante imagem da quinta, da migração dos traficantes da Vila Cruzeiro para o Complexo), que havia um “exército paralelo” de traficantes no alto do morro. Uns 600 mais ou menos.
No domingo, ainda acompanhando a twitcam do Extra, os leitores que participavam da transmissão (com seus “boatos e verdades”, como dizem as repórteres do Casos de Polícia, o site do jornal Extra) insistiam na provável fuga dos traficantes pela rede de esgotos do Complexo.
Intrigante. Não houve confronto entre os traficantes e as Forças Unidas. Se imaginava um encontro desproporcional, mas sequer confronto houve.
No sábado, integrantes do AfroReggae subiram o morro para também negociar uma rendição. Não negociaram. Possivelmente, não havia com quem conversar. Os chefes do tráfico já haviam se mandado. De que forma? Para onde?
Talvez o sorriso aberto de Mister M. no momento de sua entrega escondesse a resposta. Era a realidade na sua melhor ficção.

No Pioneiro de amanhã.

terça-feira, novembro 23

Oficina literária

O fato: a segunda turma de datilógrafas era composta por 12 alunas e passaria seis intermináveis meses a matraquear teclas sob a supervisão da irmã Dolores. Cada uma das alunas, a principio com as mãos encobertas para não espiar o teclado, se esmerava em exercícios que forçassem o uso de todos os dedos em alternância-repetida.
A irmã Dolores fora convocada pelos padres para dar essa aula suplementar no segundo semestre de 1968. Por isso, agora a segunda turma. Depois de alguns treinos iniciais, formando palavras aleatórias, a irmã Dolores passava em seguida para um poema de Camões e mandava que se datilografasse até o mês de dezembro, momento do exame final.
O exame, é bom que se diga, exigiu das moças, e houve mesmo demora até que a primeira aluna finalizasse. Lá ficou o irmã com os 12 textos e, no dia da formatura, em combinação com o senhor Nario da Silva, escolhido como paraninfo, a Dolores simplesmente comunicou que cada uma das alunas ganharia como lembrança, além do diploma, um terço.

***
Agora a ficção, em forma de palíndromo (para ler ao contrário, de baixo para cima):
Safar, Golita, dedam Rut. E todos só dedos assim aí: rota e lã, mãos à tecla.
Arte e letra, a teta. Sonata bela, o tréc é da unha, logo “alfalce”. Erro. “Susejo” dos The Beatles.
Selta e Beht, só do Jesus.
Ôrre!! E clã? Fla, o gol!!
Ah, nua! Decerto a Lê bata no “s”: a teta, arte letra.
Alce. Tá, soam aleatória missa: só dedos, só dote, turma de datilógrafas
.


***
Não sei se fui feliz no exemplo. Mas é assim que se passa da realidade para o mundo da ficção. Fora disso, é puro jornalismo; quando muito, crônica.

Texto para o Pioneiro de amanhã.

terça-feira, novembro 16

Irene ri

Toda crônica é autoproclamatória. Quase sempre é. Ela indica o nosso estado de espírito, a moral que queremos passar, o grau de nossa febre. Esta semana, não fui à feira de Bom Jesus por conta de uma sinusite. Iria falar de palíndromos, estratégia de escrita que compõe o meu livro que por lá foi vendido: O Tal Eros Só – Osso relato.
O palíndromo é esta forma de linguagem em que a frase pode ser lida em ambos os sentidos (de trás pra diante, diante pra trás) e o conteúdo permanece o mesmo. O mais conhecido é:
Socorram-me. Subi no ônibus em Marrocos”.
Chico Buaque está sendo adaptado agora pela Globo, que irá fazer minisséries inspiradas em suas músicas. Foi também em Chico que busquei inspiração para o livro. Não em suas letras (aliás, Chico é o nosso Paul McCartney; insuperável em melodia e harmonias), mas num palíndromo do autor de Carolina.
Faz um tempão, à época de Ronald Reagan presidente dos EUA. Chico, numa entrevista, confessava que combatia a sua insônia escrevendo palíndromos. E que o maior que tinha alcançado era:
Até Reagan sibarita atira bisnaga ereta”.
E Chico dizia que era um baita desafio se construir palíndromo além de 1 linha.
Fiquei com aquilo, sempre matutando. E decidi então aceitar o desafio de superar uma linha e escrever palíndromos de páginas cheias.
Eis aí a ideia formal do livro, o que constrói a segunda parte de O Tal Eros Só – Osso relato, que é o livro de Sore, isto é, o livro de Eros, aquele da lenda castigado por Zeus por mostrar seu rosto, e que passa a vagar pelo mundo, a viver o seu caos na solidão.
A ver teia caduca. Acuda! Cai. É treva”, diz em meio ao seu desiderato o tal Eros.
O que resulta de tanto palíndromos enfileirados, para a minha surpresa, é quase poesia. E é também um texto bem-humorado.
“Atei Lujeu e Moreta. A Refa e a Leba. A par?
Rapá, a bela e a fera. Até Romeu e Julieta”.
Ou:
Éter? Gela. O muro? Osso relato. O tal Eros só. O rumo? Alegrete”.
É um texto de humor, como se vê. É quando “Irene ri”. Aliás, palíndromo, título de uma canção de Caetano.

Crônica no Pioneiro de amanhã.

quarta-feira, novembro 10

Tríptico para Iberê no Açorianos

Saiu a relação dos finalistas do Prêmio Açorianos de Literatura 2010. A coletânea Tríptico para Iberê, de autoria de Daniela Vicentini, Laura Castilhos e Paulo Ribeiro, foi indicada na categoria Ensaio de Literatura e Humanidades.
O resultado sairá no dia 14 de dezembro.
Veja a lista completa aqui: