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terça-feira, novembro 16

Irene ri

Toda crônica é autoproclamatória. Quase sempre é. Ela indica o nosso estado de espírito, a moral que queremos passar, o grau de nossa febre. Esta semana, não fui à feira de Bom Jesus por conta de uma sinusite. Iria falar de palíndromos, estratégia de escrita que compõe o meu livro que por lá foi vendido: O Tal Eros Só – Osso relato.
O palíndromo é esta forma de linguagem em que a frase pode ser lida em ambos os sentidos (de trás pra diante, diante pra trás) e o conteúdo permanece o mesmo. O mais conhecido é:
Socorram-me. Subi no ônibus em Marrocos”.
Chico Buaque está sendo adaptado agora pela Globo, que irá fazer minisséries inspiradas em suas músicas. Foi também em Chico que busquei inspiração para o livro. Não em suas letras (aliás, Chico é o nosso Paul McCartney; insuperável em melodia e harmonias), mas num palíndromo do autor de Carolina.
Faz um tempão, à época de Ronald Reagan presidente dos EUA. Chico, numa entrevista, confessava que combatia a sua insônia escrevendo palíndromos. E que o maior que tinha alcançado era:
Até Reagan sibarita atira bisnaga ereta”.
E Chico dizia que era um baita desafio se construir palíndromo além de 1 linha.
Fiquei com aquilo, sempre matutando. E decidi então aceitar o desafio de superar uma linha e escrever palíndromos de páginas cheias.
Eis aí a ideia formal do livro, o que constrói a segunda parte de O Tal Eros Só – Osso relato, que é o livro de Sore, isto é, o livro de Eros, aquele da lenda castigado por Zeus por mostrar seu rosto, e que passa a vagar pelo mundo, a viver o seu caos na solidão.
A ver teia caduca. Acuda! Cai. É treva”, diz em meio ao seu desiderato o tal Eros.
O que resulta de tanto palíndromos enfileirados, para a minha surpresa, é quase poesia. E é também um texto bem-humorado.
“Atei Lujeu e Moreta. A Refa e a Leba. A par?
Rapá, a bela e a fera. Até Romeu e Julieta”.
Ou:
Éter? Gela. O muro? Osso relato. O tal Eros só. O rumo? Alegrete”.
É um texto de humor, como se vê. É quando “Irene ri”. Aliás, palíndromo, título de uma canção de Caetano.

Crônica no Pioneiro de amanhã.