O Prêmio Açorianos
Foram muitos os percalços, as pedras no caminho até chegar à indicação de agora (na verdade, não é a minha primeira vez no Açorianos; concorri com Vitrola dos Ausentes em 1994, e Iberê, o romance, em 1996, e não levei).
O texto presente na coletânea se intitula Que forças derrubaram o ciclista?, e considera o Iberê escritor, não o artista plástico. Leva em conta a sua breve, mas excelente, produção literária, seja no livro de contos No Andar do Tempo, ou nas suas memórias, Gaveta dos Guardados (além de textos inéditos, escritos em italiano e que tiveram a “leitura”).
Na verdade, ao escrever este ensaio (que também foi um impulso da UCS, pois é o resultado de um doutorado, exigência da linha acadêmica da instituição), pratiquei o texto mais linear, mais simples de uma trajetória que se pauta pelo experimentalismo como forma de expressão.
O estudo, por outro lado, é talvez o resgate de uma confiança depositada há tempos, desde o dia em que Iberê, em 1990, abriu as portas de sua casa e ateliê no Alto Nonoai, em Porto Alegre, para aquele “bico” de jornalista iniciante sem emprego fixo. Fui procurá-lo para um perfil que faria para a revista Veja, que jamais saiu. Ali começou uma breve convivência, da qual resultou um romance-reportagem e esta “queda do ciclista” de agora.
Iberê Camargo é o artista gaúcho mais representativo, que encontra talvez paralelo somente em Verissimo na literatura, e Lupicínio, na música.
Tive sorte de ter cruzado o seu caminho. Aprendi a sua arte, observei a figura humana, tive conteúdo para trabalho e ajudou a garantir o meu pão.
Ao lado de Marco de Menezes, um dos nossos melhores poetas e que também representava Caxias no Açoriano, fui conferir o resultado do prêmio. Qualquer que tenha sido, valeu!!
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