O Natal do Betinho
João Alberto Berthier Vieira, o Betinho. Era um amigo. Leitor desta coluna, as crônicas o faziam lembrar dos seus tempos de Bom Jesus. Perdemos o Betinho nesta semana e foi lembrado que ele “vestiu” a camiseta da UCS. De fato, foram 38 anos de entrega à universidade. Ele fez parte do “pacto do trabalhar de graça” quando a UCS faliu no seu começo, foi o prefeito da Cidade Universitária, com Ruy Pauletti, concretizando muito da estrutura que aí está. E Betinho também foi o mentor das Ações Comunitárias, projeto que colocou a UCS dentro dos bairros, com mais de 300 mil atendimentos na área da saúde. Por último, coordenava a distribuição de bolsas de estudos.
Betinho conta na entrevista que as “ações comunitárias”, a vontade de atuar com os alunos, na verdade, começara em Bom Jesus. Ele chegou no Bonja em 1964 para trabalhar no Banrisul. Lá, conheceu a Bela, a Maria Isabel, sua companheira de toda a vida. E Betinho, por conta da sua habilidade em tocar bandoneon, acabou logo se entrosando e atuou mesmo em várias frentes. Envolveu-se com o Juventude e ajudou a construir o estádio, que até hoje impressiona pela grande dimensão e no centro da cidade. Envolveu-se com a igreja. Criaram um Conselho Paroquial e um outro Comunitário (olha o embrião das Ações Comunitárias da UCS aí) e foi inclusive dar aulas na Escola de Contabilidade, do Ginásio, e na “sexta-série” do Grupo.
Em 1967, entrou para o Lions. Nesse ano, apesar do banco e das aulas, Betinho arranjou tempo para sair pelas ruas recolhendo brinquedos usados, que ia guardando num saco. Em casa, num porão com lâmpada improvisada, reformou 497 brinquedos que foram distribuídos aos carentes no Natal.
Na entrevista, Betinho conta a boa acolhida que teve no Bonja (ele era de Lagoa) e a sorte de ter sogros com visão social. Betinho não menciona, mas a família da Bela tinha forte ligação com os Espíritas. Bela era sobrinha de Francisco Spinelli, o líder kardecista.
Crônica no Pioneiro de hoje.
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