A desordem de Caxias
Com o algodão dos Estados Unidos em melhor oferta, o Maranhão, que sobrevivia disso, entrou em crise. E se tornou solo fértil para que os trabalhadores explorados, entre eles muitos escravos, se revoltassem contra o sistema dos “cabanos” conservadores. Em 1839, artesãos (entre eles um de apelido Balaio, que seria o líder da “Balaiada”), lavradores, vaqueiros invadem Caxias, a segunda cidade do Maranhão.
O derramamento de sangue e o inferno em que se transformou a cidade é narrado depois pelo filho ilustre de Caxias, o poeta Gonçalves Dias (aquele do “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”). O poema, intitulado A desordem de Caxias, está no Segundo Cantos, e foi escrito em 1848, quando Gonçalves estava exilado em Portugal. Diz:
“Do vulcão popular a lava ardente/ Sob os trépidos pés soluça a terra/ Sobre as cabeças pávidas volteia/ Ou rocha em brasa, ou condensada nuvem/ De pó desfeito, que resseca os ares/ E dentre aquele fumo e aquelas chamas/ Naquele horror e medo, estátuas vivas/ Sinistro lampejar de armas descobrem:/ Descobrem longe os tetos abrasados/ A pouco e pouco esmorecendo em cinzas”.
A Balaiada (que terá depois da invasão de Caxias ainda episódios marcantes, como a rebelião de 18 escravos da barca Laura Segunda, na costa do Ceará. Eles tomam a barca, encalham e acabam presos; seis deles enforcados) será abortada mais tarde pelo então coronel da província do Maranhão, Luís Alves de Lima e Silva, que por pacificar a região, ganhou o seu primeiro título de Barão de Caxias.
Caxias, no Maranhão, é uma homenagem à freguesia de Caxias, pertencente a Oeiras, em Portugal. A Caxias portuguesa tristemente é lembrada por ser o local para onde mandavam os presos políticos da ditadura de Oliveira Salazar.
No Brasil, no Amazonas, se encontram lugares com o topônimo. E há Duque de Caxias, no Rio. No Paraná é nome de ribeirão. Aqui, no Rio Grande, Caxias (que também “pacificou” os Farrapos, e bem mais tarde virou patrono do Exército), é a cidade que aí está.
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