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quarta-feira, agosto 11

O comprador de encalhe

No começo da carreira, ainda sem renome, John Steinbeck escreveu Tortilla Flat, uma novela que fixava a vida dos ladrões, dos desocupados e uma meretriz da Califórnia.
Foi um “sucesso medíocre”, mas ainda assim chamou a atenção de um “scout”, um espião da Paramount. Procuraram então o John Steinbeck e lhe ofereceram U$ 5 mil, assim, ali, na bucha. Pegou na hora.
Passaram os anos e nada do filme. John, nesse meio tempo, arriscou então um outro livro: era a fuga dos pequenos agricultores da terra naquela quebradeira americana de 1929.
Ah, mas se projetou. Sabe como é — eram os tempos do Roosevelt — e se o Roosevelt incentivava a terra como é que a mesma terra eles andavam deixando?
As Vinhas da Ira teve um enorme reconhecimento, foi produzido para o cinema e dá a John Ford o Oscar de melhor direção em 1940.
E vai que o Steinbeck, logo depois, volta na Paramount. Não foi de meia conversa e largou a seguinte proposta: dou U$ 10 mil. O dobro. Me entreguem de volta o Tortilla!!
Por que um autor compraria a sua própria obra?
No caso do Steinbeck, fica evidente a ganância. Mas o autor pode adquirir sua própria obra por estratégia.
Moacyr Scliar confessa que, no começo da carreira, desconhecido, comprava os seus próprios livros e ainda incentivava as vendedoras sobre “aquele excelente escritor novato”.
E Iberê Camargo, no final da vida, dizia que pintava aqueles quadros grandes (quase 4 metros) para holandês comprar. Era uma “figura”, claro, porque os holandeses por enquanto não apareciam e os quadros continuavam com ele. O que era lucro, pois Iberê atingia projeção internacional e as suas telas só valorizariam ainda mais.
E, agora, descobri mais uma razão para os autores comprarem suas próprias obras. O comprador de encalhe.
É, tem um cara em São Paulo que compra tudo. Minto, tudo não. O livro tem de ter certo apelo, não pode ser A influência da minhoca na produção de alho. E aí os editores perguntam: quer comprar os teus livros ou me libera para o comprador de encalhe? Ele depois venderá pela Internet. No meu caso. Liberei na hora. Bendito comprador de encalhe!
Este cara merece todos os prêmios de Amigo do Livro.

Crônica no Pioneiro de hoje.