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quarta-feira, julho 14

O bairro e a estrela distante

Saramago, em entrevista, deixou indicado o nome: Gonçalo M. Tavares. Em 30 anos, arriscou Saramago, Gonçalo será o novo Nobel de Literatura em Língua Portuguesa.
Gonçalo tem 40 anos, nasceu em Angola, mas vive em Lisboa, onde dá aulas de literatura. Começou a publicar já perto dos 30, mas depois que saiu o primeiro livro se soube que teria outros 10 prontos. E mais: tinha um projeto. Uma série de novelas reunidas sob o selo “O Bairro”, que traz títulos como O Sr. Valéry, O Sr. Calvino e O Sr. Breton.
Para esse inusitado bairro se mudarão grandes autores, que passarão a conviver. Ele quer escrever uma espécie de história da literatura e da filosofia de forma ficcional.
Gonçalo trabalha com alegorias, principalmente constrói inusitadas situações acerca da opressão, do poder, do egoísmo, das relações humanas. Em O Sr. Brecht, o único da série que li, há sempre uma reflexão crítica que se estende aos países e reinos que inventa.
A outra obra de Gonçalo que li é Um homem: Klaus Klump. É uma novela sobre a guerra, a violência, a nervosa trajetória de um editor em meio a turbulências que mudam o seu caráter e seu procedimento. De novo, uma alegoria, uma reflexão sobre o mal.
Semanalmente, Gonçalo publica fragmentos que “pensam” sobre a arte em geral.
E isto (fazer da própria escrita agente da ficção) o liga a outro nome da literatura de nossos dias, Roberto Bolaño (em maior evidência agora por conta do seu romance, 2666, lançado no Brasil).
Bolaño foi um poeta chileno que se exilou depois do golpe que derrubou Allende em 1973. Foi apontado como um grande autor antes mesmo de sair 2666 (o livro foi publicado um ano após a sua prematura morte, em 2003, com 50 anos).
Espero ler seu romance. O que li até agora de Bolaño é a novela Estrela Distante. Nela está, em súmula, o que distingue a sua produção: o pano de fundo histórico, a narração ousada com a alternância de vozes e, sobretudo, a criação de situações limites. À beira do grotesco, ele retrata a urgência e a violência que caracterizam, além dos momentos de exceção (na novela, a ditadura chilena), também o nosso tempo (o caso de 2666).
Estrela Distante traz também uma constante da sua escrita: a autorreferência, a presença do próprio ato de escrever na narrativa. Os personagens da novela são poetas, e um deles, ao final, cruza com um investigador policial para a resolução do caso. Bolaño contrapõe a arte ao real com resultado contundente.
No momento, é o que continuarei lendo. Gonçalo e Bolaño: duas obras que merecem a conferida.

Crônica no Pioneiro de hoje.