Seresteiro da Lua
“Quando as almas perdidas se encontram/ Machucadas pelo desprazer/ Um aceno um riso apenas/ Da vontade da gente viver”
Minha mãe dizia: que música linda!
A Dona Carmem sempre gostou de rádio, em casa sempre havia algum sintonizado. Ela era de cantarolar acompanhando. Num tempo mais remoto, eu ainda na infância, lembro que a canção que ela mais gostava era Seresteiro da Lua, com Pedro Bento e Zé da Estrada. Minha mãe, no seu analfabetismo de letras (porque sabia fazer até conta de juros melhor do que eu) trazia aquela velha canção decorada.
Agora, por este genial meio de nossos dias, o Youtube, encontrei a Seresteiro da Lua, que há muitos anos não ouvia. Foi um reencontro forte. Revivi a voz de minha mãe no coro que fazem para o Pedro Bento e o Zé da Estrada as irmãs Galvão.
Ah-hã! Descobri finalmente de onde minha mãe imitava aquela afinação de voz ao cantar estes versos.
“Abre a janela querida/ Venha ver o luar cor de prata/ Venha ouvir o som deste meu pinho/ Na canção de uma serenata.
Sei que dorme sonhando com outro/ Desprezando quem é teu amor/ Que tu amas, de ti nem se lembra/ Quem te quer você não dá valor”.
Minha mãe imitava as irmãs Galvão. Este é o assunto e porque é o começo de abril. Abril é o mês de minha mãe, mês de seu aniversário. E, já está planejado, vou escutar o Seresteiro da Lua. Será a homenagem no seu dia e acho que outros filhos façam disso por aí.
Penso na simplicidade do bom-gosto da minha mãe. Não deixa de ser engraçado. Justo depois do seu aniversário vou lançar um livro que fecha um ciclo de minha vida: da literatura de investigação narrativa, da literatura de invenção, felizmente atormentada pelas influências do James Joyce.
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O lançamento de O tal Eros Só será no dia 15 de abril, no Zarabatana Café.
Crônica no Pioneiro de amanhã.
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