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quarta-feira, fevereiro 3

Lula, o pintor mal-assombrado II

Perdi o senso? Como é que vou trazer aqui a lembrança de um cara de direita, que deu uma forcinha pro Getúlio acionar o gatilho, e ainda faço relação com o presidente Lula???
É que revelei semana passada o acaso de ter esbarrado num texto do cara, e vamos aí prosseguir. E é o seguinte: encontrei numa Revista do Globo, (anos 40, século passado) uma reportagem com o título aí de cima. É do Carlos Lacerda, o líder da UDN, jornalista e proprietário da Tribuna de Imprensa, que muito sacaneou o Samuel Wainer, só pra ficar nessa área. E mais não falo, transcrevo.
“Nas minhas andanças pelo nordeste encontrei um pintor mal-assombrado. Hoje trago a sua história para exemplo de aflitos e remate de males. É uma história de fadas e anões, de iaras e iaiás, bonita a não mais poder. Que me devorem os jacarés do bumba-meu-boi se eu não souber contar direito a história de Lula, o pintor mal-assombrado.
Era uma vez um moço de Pernambuco. Tinha uns olhos serenos e grandes... Lula – que assim chamavam o moço – era filho de um grande usineiro... e seus desenhos eram muito coloridos e redondos: uma redondeza geral nos seus traços escassos. Lula estilizava palmeiras, morros, luares, cabeças inexpressívas de mulheres sem história...
Em 1932, quando os paulistas se levantaram pela Constituição, a Usina Cucaú, na zona do Rio Formoso, ao sul de Pernambuco, deu pra trás. O vigoroso João Cardoso Ayres, senhor de energias e de teimosias, sentiu que suas moendas já não davam para sustentar filho malandro no Rio”...
Então, Lula voltou à terra... E ao ver o esforço dos homens curvos, o chapelão das magras mulheres sobre o pano que cobre o pescoço, tronco e membros, deixando de fora uma cara sumítica, esfarinhadas da pura cor da terra: o cheiro de cana que entranha nos automóveis, nas roupas, nos seios das mulheres e domina até o almíscar dos bodes do sertão... tudo isto tomou conta de Lula – e desde então ele ficou atuado.
Como um possesso, Lula afunda no massapê, palmilha com sandálias de couro o agreste e depois o rebarbativo sertão... E viu o culto do meu padrinho, o padre Cícero Romão Batista; seguiu no rastro de Lampião e foi na pancada do ganzá... Viu cheganças e festanças, aconchegos e acalantos, comeu o gordo sapotil da mata, sorveu os sucos ácidos do agreste, a água salobra da caatinga, viu os últimos índios de Águas Belas e os últimos cangaceiros...” (Contínua).