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quarta-feira, fevereiro 17

Aurora numa Quarta de Cinzas

Se você fosse sincera é o título brasileiro para o musical de Hollywood, de 1941, Lady Be Good, que é uma canja do George Gershwin, que cedeu algumas composições para o filme.
Lady Be Good ficará celebrizada pela interpretação depois de Ella Fitzgerald, mas, cá entre nós, o Mario Lago também tirou a sua casquinha.
O Mario Lago era aquele ator da Globo. E ele tinha uma influência incrível, por conta do seu caráter, principalmente junto aos mais jovens no Projac. Morreu em 2002, com 90 anos.
Pois o Mario Lago, numa Quarta de Cinzas de 1940, em parceria com Roberto Roberti, escreveu Aurora, sucesso do Carnaval de 41: “Se você fosse sincera / Ôôôô, Aurora...” A canção conta a história do homem que oferece o melhor para sua amada ("Um lindo apartamento / Com porteiro e elevador / E ar refrigerado / Para os dias de calor”) e ficou consagrada pela interpretação da Carmen Miranda, que naquelas alturas andava também por Hollywood fazendo musicais.
Desconfio que o tradutor brasileiro embarcou no sucesso da marchinha e traduziu por Lady Be Good. Em Portugal já não tinham traduzido Cidadão Kane por O mundo aos teus pés? Pois é. Tradutores.
E agora uma nota: Mario era neto de um anarquista que também tocava flauta, e, certamente por isso, desde cedo era um militante comunista. E era ainda filho de um maestro, o que o ligava duplamente à música.
Não satisfeito por emplacar então a marchinha Aurora naquele ano, Mario pegou ainda o mote do “Se você fosse sincera” para ir mais longe. E agora, quase certo, em cima do filme.
Lady be Good, numa tradução ao pé da letra é: “a senhora seja boa”. Naquela época, o “senhora seja boa” correspondia à mulher subserviente, à esposa que vivia exclusivamente para o marido. E Mario, junto com o Ataulfo Alves, tasca então, em 1942, essa: “Amélia não tinha a menor vaidade. Amélia é que era mulher de verdade”.
Amélia ficou conhecida como o tema da submissão, embora o estrondoso sucesso que atravessava as décadas e muitos carnavais.
Eram outros tempos. Eram outros valores. E, na manhã desta Quarta de Cinzas foi o que me ocorreu, depois de ouvir tocar a Aurora por estas quatro noites.

Crônica no Pioneiro de hoje.