Maquete para a próxima crônica
Querida, murcha lembrança neste fim de tarde estourado. Meu espírito não está para livros. Meu espírito se preserva das figuras que vejo na janela olhando para os lados do Bonja. Nos reflexos dos faróis, no começo da noite como aquela mesma madrugada de capuchos de neve em que retornamos pela estrada do Sol. Chegamos em Bom Jesus. Pela primeira vez eu em Bom Jesus com você morta. Seis anos já. Sem presépios, sem mais casa, seis anos já de ausência e não começarei as férias como se começavam as férias pelo Bom Jesus de teu tempo.
Um homem se preserva ao se afastar de suas ideias e se se aguenta bem com a saudade. Estico o braço, vejo a temperatura quente, uma distante baliza de Autoescola, que aliás cumpri a contento. Deleto agora já restos de textos do ano da graça de 2009. Passo à noite. O desenho que me convença de uma possível crônica longe desta Poética da vida campeira que me persegue. Bonja em seu tempo. É preciso ser moderno e é preciso evitar a crônica de uma página sobre os teus analgésicos.
Falemos de coisas amenas. Mas de quê? Um longa-metragem sobre o Vitrola sem verba, roteiro inacabado? Também isso não rende a crônica e é preciso a maquete no processo.
As tristes botinas no MASP. Um Hino ao Contrabando. Bom equilíbrio ao dinheiro e as pernas boas da moça.
Polígrafos que vendem aos quilos e a falta total de ideias.
O pensamento constante tremula em bandeiras do Bonja. Duas vezes já teu título sem uso. O Tópico II dos Cachimbos e a invocação da Morena Crespa.
O giro que faz a bússola e a geometria do carro.
A valsa com muita técnica e a grávida com pouco inchaço.
Os fundamentos perdidos, exige baliza a Carteira.
O Livro de Deus aos Defuntos. A Bíblia dos Desvalidos.
E a sátira que fazem os morcegos ao se baterem no vidro). Sobre isso escrevi em 2009. Por isso a maquete em socorro: o Arroio Dilúvio, o caminhão verde e a lenha para os pobres. A casa do Seu Rufino. O Curtume. As Congas da escola Frei Geraldo. A mulher do circo e os copos-de-leite. D. Isaltina. Teixeirinha F. C.
A crônica por fim vem nascendo. Leiam no próximo post.
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