OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

quarta-feira, novembro 18

Dois papagaios e uma troca de ideias

A nossa ignorância é essencial para matar o tempo. O Tom Jobim, por exemplo, ia lá pro Ary Barroso pra falar de futebol. Sartre pedia que Simone lesse os jornais em voz alta, aguardavam o almoço assim. Tom e Sartre aprendiam. E eu inventei, por eles, uma forma de também me instruir. Passo as horas no Youtube ouvindo músicas que nunca escutei. De Tim Maia, descobri Rodesia, que é genial. Porque é proibido pisar na grama (assim, sem o por que separado), uma maravilha do Jorge Ben.
O Tom era bom. Era um cara cheio de talento e descobri agora uma certa Two Kites (Dois papagaios), canção que parece pássaro, asa-delta, ave voando pela paisagem do Rio. É cheia de uns “lalalalas” que as irmãs do N. S. de Fátima bem poderiam ter feito pro Tom aquele coral. As irmãs nem sabem o que perderam! Podiam ter saído de Bom Jesus e cantado no Rio. Com o Tom Jobim. É. Poderiam fazer o coro pra ele. Mas, enfim, religião.
E sonhos. O Florizeu sonhava ser palhaço. Um dia, o circo passou no Bonja e o Florizeu desapareceu. Sumiu da cidade para ser palhaço. Inicialmente, devia tratar os leões. Levar a carne e lavar com sabão os tabuões da jaula. Depois de deixar as jaulas bem confortáveis o Florizeu ia treinar para ser palhaço.
Era um sonho. Para que mais da vida? Devia pensar também assim a irmã Inocência, a irmã Dulce, todas as irmãs da congregação. É que a gente acredita em cada coisa. Vejam vocês:
Antes, eu achava que o Chico era muito melhor que o Caetano. Por muitos anos, achei. Agora, eu acho o Tom muito melhor que os dois. (Mas antes eu também achava o Simon & Garfunkel os grandes bambambãs. Tinha uma canção deles que falava de sálvia, salsa e tomilho, sei lá, sou ruim de inglês). Ah, a nossa formação. Talvez só o Sá e Guarabira eu tenha acertado.
Em resumo: da súmula dos nossos achismos de formação sobra pouco. Antes, eu achava San-Ju o clássico dos clássicos. Não tinha Glória e Brasil pra bater na região. (Parêntese rápido. Havia uma mania no Bonja, que era discutir quem foi melhor: Chumbão, Jorginho ou Marreco? Pela “noção de espaço”, pelo posicionamento na área — olha a influência do Lauro Quadros aí —, eu “achava” o Marreco o melhor zagueiro que vi jogar).
Mas, o que quero dizer, não é que o meu alcance mental estivesse limitado à Vacaria e Bom Jesus. Não, antes eu também, como disse, achava o Guarabira legal, a Rita Lee logo depois.
O problema era a falta de tempo. Justamente. Depois o tempo vem, há a troca de ideias ­— e a gente pega certa experiência aí.

Crônica no Pioneiro de hoje.