OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

quarta-feira, setembro 2

Zumbi e Gershwin

Por conta da Mirella Mattos, aluna que veio de Sergipe fazer seu jornalismo aqui na UCS, fui procurar alguma coisa sobre Porgy and Bess, a peça dos irmãos Ira e George Gershwin que trata da situação dos negros nos Estados Unidos no século passado. A peça, que é um musical, é conhecida mundialmente por Summertime, uma das mais belas canções já composta.
Porgy and Bess também ganhou destaque no pré-Guerra Fria, quando foi levada à Rússia causando espanto ao estrear em Leningrado, em 1956. Afinal, era a primeira peça americana a pisar na União Soviética depois do czarismo, e o seu elenco era formado por negros.
Truman Capote acompanhou e descreveu tudo isto e a Mirella agora faz uma original leitura daquela reportagem na sua monografia em curso. E daí que descubro os bastidores da estreia em Leningrado, com os russos bastante surpresos com aquele enredo que falava de opressão, preconceito e tráfico de drogas.
Lembrei então de Zumbi, há 40 anos, em Bom Jesus. Não assisti, mas conheço a foto. Há uma fotografia da plateia, muito atenta, e à frente o famoso crítico e criador do teatro do estudante, Paschoal Carlos Magno. É um flagrante da encenação de Zumbi, dirigida por Milton Baggio, com Dario Zambelli (com o corpo coberto de graxa preta) a interpretar o líder dos negros livres do Quilombo dos Palmares.
A peça era um musical como Porgy and Bess, e incluía também elementos do folclore e da cultura popular. Para se ter uma ideia do contexto: isto foi em 1969 (recrudescimento da ditadura) e, naquele ano, além de Zumbi, foi encenada Faz escuro, mas eu canto, baseada em textos de Tiago de Mello (então exilado pelo regime) e Berthold Brecht.
Em consequência da boa acolhida de Morte e Vida Severina no ano anterior, o Teatro Estudantil vivia o seu auge, com repercussão nacional, e daí a presença de Paschoal Carlos Magno por lá.
Em 1969, encenaram ainda Nós, a Humanidade. Mas, o que marcou mesmo foi Zumbi, que com seu numeroso elenco teve dificuldades para se deslocar até Porto Alegre para a apresentação. Em seguida, começaram a surgir “certas pressões” contra o movimento de teatro em Bom Jesus. Alegavam que os “alunos faltavam às aulas” no Ginásio.
Estávamos em plena ditadura militar. E é um verdadeiro “feito” que o Festival de Teatro Estudantil tenha se estendido até 1971.

Crônica no Pioneiro de hoje.