OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

quarta-feira, setembro 16

Conto de Adaíl Hugen

Era o gato mais selvagem, caçado a fígado, bicho impossível, pelo preto-azulado, ficou sendo o BomBril. Adão e Adaíl, os fotógrafos, tentaram pegá-lo de frente, escorados, à espreita, num canto, só pegaram refilão. Revelou-se depois: era “infotografável”. Era o gato mais rápido do mundo se estourassem um foguetão.
Na Corrida de Gatos estouraram. E foi um risco, fagulha, flecha, arrebentou fio de aço e estaca, seguiu rua abaixo levando argola, pescoço, 2 mil cabeças atônitas e cruzou a linha fatal. Arrebentou mesmo o que tinha, retorceu um ferro, e mais gente lesa que atrapalhava a Chegada espalhou.
A “cancha”, em frente à matriz, era assim: 4 boxes de partida (na verdade, caixotes, engradados) e mais os homens de campana para o foguetório e tal. Os “tratadores” com suas guias e se abria, quadra em frente, a pista. Quadra de pedras, com as 4 linhas de cal. As 4 estacas de ferro cravadas ao fundo. Um fio estendido para correr na extensão. Com a argola no pescoço, a escorrer no fio estendido, o BomBril virou tufão.
Saiu das três noites preso. Bêbado da multidão. O BomBril disparou como um Opala, um coice, o fato é que enlouqueceu.
Quais palavras dizer aos gatos presos? Felicitá-los por dia tão especial?
Bêbado de Creedence Clearwater Revival, hino aos gatos nas potentes caixas de som.
Câmeras de TV. Máquinas fotográficas. À esquerda, Casa de Camisas. À direita, sapataria, Sindicato Rural. A cidade inteira presente ali. Ainda incrédulo, um cara repetia o mais óbvio, ocasional: “o gato já passou”. O dentista assegurava que, sim. Seguia o espocar de foguetes e Credence no Som.
Dois caras, então, com luvas de couro que alcançavam aos cotovelos, entram na pista e começam. Tocam como se tocam marrecas as passadas da gata. A gata branca tem manchas “por assim no lombo” e os homens, as mãos trêmulas, nervosos, ao grito de todos, incentivam a retardatária ali.
Porém, alheio ao drama da gata e dos dois homens, há um cara ajoelhado, sem o Ray-ban, como a agradecer. Ele sabe que o gato passou porque viu. Usa boina no vasto cabelo grisalho e sabe o exato instante que disparou o botão: o gato mais rápido do mundo ele tinha ali contra o peito. “Consegui. Consegui desta vez”, dizia Adaíl Hugen.
Texto no Pioneiro de hoje.