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terça-feira, agosto 18

Literatura grotesca

Ao tentar escrever um romance inteiro de trás para diante (com as palavras lidas de baixo para cima e o conteúdo permanecendo o mesmo) concluí que isto é impossível. Só se realiza um romance assim se for construído em blocos, de forma fragmentada para não “quebrar” a leitura inteira numa única página. Por isso, um texto assim fragmentado, na hora da impressão, só funcionará se for “gravado” em um só bloco, uma página que esgote em si o conteúdo.
Ler de trás pra diante e o conteúdo permanecer ainda o mesmo é o que se chama Palíndromo. Por exemplo:
A ver teia caduca. Acuda! Caí. É treva.
Percebam que continua a mesma coisa.
Outro exemplo.
Leva, draga, ramo, gralha. Ah, largo mar agradável!
Viram. Funciona mesmo, assim, na linha curta. Porém, para um texto longo, ao escrever nesta forma de palíndromo o autor é dominado ao bem entender do texto, e aparecem então traços soturnos mesclados com cenas cômicas, que é o que caracteriza a representação grotesca. E o grotesco, por sua natureza, não se oferece à reflexão como nos romances. É jogo rápido, uma só face, como na gravura.
Daí que, cada bloco de texto deve estar completo em cada página, deve se esgotar na própria página. Não pode ter quebras, pelo contrário. Deve estar com um olho em Deus e o outro no Diabo. O indicador da mão direita sublinhando a leitura que é conferida pelo dedo da esquerda na parte de cima. Assim, a leitura de um texto palíndromo é uma leitura quase artesanal. Para ser curtida, leitura concentrada que não permite desvios ou outro foco de atenção.
Em resumo: um romance linear comporta ideias (deve ter ideias), a frase que indica, a condução de um refletir.
Por outro lado, um texto palíndromo (um romance-palíndromo) traz outra intenção: ele explora a forma da construção, é um texto que prioriza o estilo, um novo estilo de dizer, outra natureza de expressão.
Quem se mete à experimentação precisa destas notas aqui. Indico caminhos ao leitor, não vejo problema em fazer.
Crônica no Pioneiro de amanhã.