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terça-feira, agosto 4

Clarineta no solo

O Pasquim é aquele jornal que surgiu em 1969, no Rio, em Ipanema, em pleno AI5 da ditadura. Humor cáustico e crítica social, gosto no Pasquim principalmente dos textos do Ivan Lessa. Claro, sem contar os perfis do Vinicius, sobre Antônio Maria, Di Cavalcanti, aulas de estilo. E também a famosa entrevista com a Leila Diniz, musa da turma, que agora reli.
As entrevistas eram boas mesmo. Uma delas, com Paulo Mendes Campos (dos mais interessantes cronistas que tivemos), vai me proporcionar aqui uma dobradinha com o Erico Verissimo. Em janeiro de 70, Paulo Mendes já falava da perda de relevância social da literatura, atribuindo a outras formas de expressão, como a televisão que começava dar as cartas, o papel de formar opinião que os autores tiveram.
De fato, Jean Paul Sartre talvez tenha sido o último autor a ter voz efetiva com relação às questões sociais. Vá lá, a polêmica García Márquez X Vargas Llossa (quando Llossa rompe com Cuba) ainda rendeu assunto. Mas, a partir daí, é uma ou outra manifestação do Saramago e ficamos nisso, salvo engano.
(Aqui na paróquia, então, basta chamar artista para opinar, falar de algum assunto como a alteração do Fundoprocultura, que já vira chateação, dois ou três e-mails).
Pois bem, chegamos ao cruzamento das minhas leituras, na interlocução do Paulo Mendes com o Erico. Estou também relendo Solo de Clarineta, as memórias do Erico. Quando morreu, em 1974, ele estava escrevendo sobre o ano de 1959, a viagem que fizera por Portugal e Espanha. O capítulo sobre Portugal era o que eu buscava, pois também já andei por Beja e queria bater a impressão que tivemos.
À época, 1959, Portugal estava sob Salazar e a ditadura. Durante a visita, corre pelos gabinetes que a oposição está “usando” Erico. Logo, como estratégia (e chega aos ouvidos de Erico), o pessoal do “conselho” o acompanhará com “profundo entusiasmo”, o aplaudirão não importa o tema da palestra.
Por dentro da história, em Beja, Erico fará um discurso “com o maior fervor” contras as ditaduras civis ou militares, exigindo respeito à “pessoa humana” (nota: não é pleonasmo, é a “dignidade da pessoa humana”, que está no Direito). Foi muito aplaudido.
Já na Espanha, ao lembrar Clarice Lispector durante uma apresentação de dança flamenca, Erico sugere que o equivalente musical da escritora estaria nas composições de Messiaen, no Quarteto Para o Fim do Tempo. Na altura desta analogia (vejam a coincidência nas memórias), Erico morre. Deixa apenas os rascunhos.
Crônica no Pioneiro de amanhã. A ilustração é um rascunho de Erico.