Bom Jesus acontecido
E vai acontecer o nosso maior defeito: lembrar. Todas as virtudes, as coisas vindo ao contrário, a mais furiosa emoção. Leão, puma, um pouco de lenda, as mais prestigiadas fazendas, que era mato e muito capão.
Vai acontecer de essa tábua sair embora. De saber das nossas faltas, bailes, lorotas, a boa mentira, Agripina em procissão.
E vai acontecer um primeiro amor. Um amor da juventude, único, aquele pra sempre, Alma do Bonja em diversão.
Ahhá, meu Bom Jesus! Dos Ramos, do Góte, de Vergílio e Vergilina, Higino e Pelinzer. Ao Juventude, ao Santa Cruz. Submeta este Bom Jesus ao teatro, à toda leitura grotesca, aos românticos alemães. E a todos os ironistas, e a todos os piadistas, aos bêbados!, aos bêbados, sim! Vai acontecer de um filho sair aos seus.
E acontecerá então o quê? O nada? Ou o que dizem carinho num gesto de mão? Acontecerão quais sintomas de amor por Bom Jesus?
Uma rosa que nasça no Bonja é bonita. Também há um sino emborcado que badala ao nosso céu. Dai a coerência a este teu filho.
Vai acontecer o que se diz? O que se teme? Ou vai acontecer no cinema, tanto faz. Vai acontecer Bom Jesus outra vez?
Talvez aconteça na sutileza de cada voz na criação. Ao contrário também. Na prontidão dos passos que os personagens dão pra trás. Para trás! Os decaídos se fazem melhor. Vivam os nossos que caíram, por que não?!
O que vai acontecer às esquinas? Diziam ser retas. Onde? Qual? As ruas do Bonja, as suas vielas, em que Europa irei rever?
Quem cuida de nossos túmulos é o Azul pintor. O túmulo de minha mãe. A Banda Municipal que morreu. A sonata que se foi... a saudade, aqui e ali.
Bom Jesus é a definição da vida. Ah, e a vida, rápida demais.
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