As teias caducas
Daí que, isto tem lá o seu preço, passei quase 2 anos sem escrever ficção. Só agora, nos dois primeiros meses do ano, consegui, a partir de um autoexílio parcial, construir alguma coisa em literatura. O resultado, para três amigos que leram, é “radical”.
A história trata do seguinte. Eros, o Deus do amor na mitologia grega, casou-se com Psiquê (a nossa Alma), mas jamais poderia mostrar o rosto, pois era o homem mais belo. Caso mostrasse a face, Eros seria punido por Zeus, o deus dos deuses. Insuflada por suas irmãs, numa noite, Alma descobre o rosto de Eros enquanto este dormia. Acorda sobressaltado com o pingo da vela no peito.
A partir de então, Eros passa a pagar pelo seu descuido. É castigado por Zeus, que o faz vagar pelo mundo. Este caos em que mergulha Eros é que procuro expressar.
Era para ser apenas um bloco, que chamo agora de Segunda Parte, ou, Segundo Livro. Segundo Livro porque meus amigos sugeriram que desse um mínimo de amparo aos meus poucos futuros leitores. Uma espécie de “introdução” ilustrativa do que acontece naquele bloco de texto que eles leram.
Depois deste retorno – deste fogo amigo dos meus bons leitores – tenho martelado uma forma de fazer este texto circular. Em princípio, pensei numa edição com distribuição gratuita. Já desisti. Mesmo “radical”, nosso livro sempre tem de ser um produto, já que estamos até a raiz no que se chama Indústria Cultural.
Por outro lado, também, distribuir textos gratuitamente em tempos de Internet não tem mais nada a ver.
Em vista disso, agora busco meios de editar este livro que, em sua segunda parte, pode ser lido como um “dois em um”. Isto é, um imenso palíndromo, uma narrativa que pode ser lida ao contrário, de baixo para cima, e o conteúdo continua o mesmo.
Um exemplo de palíndromo do livro:
“A ver teia caduca. Acuda! Caí. É treva”.
Há muito humor nisso e me diverti pra caramba fazendo. E espero que possa surpreender aos leitores com esse Osso relato (o tal Eros só, ao contrário).
Texto para o Pioneiro de amanhã.
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