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terça-feira, abril 14

As caras do humor

Arnold Schoenberg, o criador do dodecafonismo, a música mais cerebral que já se teve notícia, gostava de praia e tinha lá suas manias de inventor. Criou projetos para a mobília de casa, assim como inventou jogos para os filhos. Suas invenções iam desde uma máquina de escrever para a notação musical, como um interessante registro das partidas de tênis. E gostava tanto de xadrez que tentou alterar as regras de avanço nas casas.
Schoenberg era capaz de jogar ping-pong, mas nunca aparece, em fotos ou filmes, bem-humorado, embora uma vez tenha jogado tênis com Groucho Marx. Devia ser daqueles caras que admira o humor nas entrelinhas, nunca o humor escrachado das piadas.
John Cage (músico americano, discípulo de Schoenberg, que compôs a ‘sinfonia de silêncio’, 4 minutos e meio com o maestro estático, e ali está o humor. E Cage gostava de Duchamp, que reinventou a arte moderna com um penico; e isto também é humor) em seu texto De segunda a um ano, lembra que, ao menos que sejamos comediantes, tudo está perdido. E que Schoenberg suplantava isso com as suas verdadeiras “mágicas”, tirando ideias musicais uma atrás da outra, numa torrente de revelações. E é engraçado mesmo se ver cenas de ‘suspense’ em comédias, em que se coloca como música de fundo algumas passagens do Schoenberg.
Mas o que pretendo dizer é que o Humor tem inúmeras formas de representação, isto é, o humor tem várias faces.
Há o humour inglês, o humor refinado, ensaísta, quase filosófico (Stern, Machado de Assis que fez este humor entre a gente).
E ainda há o humor que costura por dentro, da supraironia, que é jocoso com as tragédias e vem embutido no texto, já que é próprio da literatura. Joyce (o bem-humorado no seu modo irlandês) é o papão neste gênero, que encontrou no Paulo Leminski um bom representante aqui próximo.
E há o humor da forma, não formal, que é aquela blague que se encontra na Poesia Concreta (sim, a Poesia Concreta é humorada, não é ranzinza), que brinca, sim, como os deslocamentos das palavras em torno de si mesmas.
Há também o humor dos irmãos Marx, um humor inteligente, de tiradas de gênio, ainda que piadista. E há o humor escrachado, mais do que circense, o humor dos programas televisivos, humor primário e já apelativo (Faustão, Didi e outras zorras).
E há o humor aquele que apela para o pornográfico e toda a espécie de preconceito. Aí, já é penico. E não é o do Marcel Duchamp.

Crônica de amanhã no Pioneiro.