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terça-feira, março 3

Literatura de Invenção IV

Passei este resto de verão trazendo aqui um panorama da Literatura de Invenção e vou encerrar esta série com um tributo ao crítico Paulo Bentancur. Devo ao Bentancur, lá no final dos anos 80, a descoberta de dois autores que também se filiam à literatura de investida mais ousada. Campos de Carvalho e Valêncio Xavier.
O primeiro, anos 40 no Brasil, é um caso singular por sua capacidade inventiva. O romance de Campos de Carvalho é “estranho” a começar pelo título, O Púcaro Búlgaro. Nele, promove uma subversão total do enredo, com um surrealismo engana-bobo a fazer literatura suprarrealista. O vazio humano posto em equivalência a descobrir se há, afinal, Bulgária. E, havendo Bulgária, existiria um púcaro búlgaro (esta espécie de pequeno copo que usamos para tirar água das jarras)? Sátira e um humor corrosivo tocado por uma escrita fluente.
O segundo autor (e este o Bentancur recomendou com maior entusiasmo) é o curitibano Valêncio Xavier (que morreu no final do ano) e o seu Mez da gripe (é assim mesmo que se escreve, e foi publicado em 1981). É uma obra com flagrantes do cotidiano, feita de colagens (como a montagem cinematográfica, dizia Valêncio), imagens, recortes de jornais. O livro é o que se chama em circuitos das Letras de “romance-híbrido”.
Já bem mais reconhecido por sua obra linear, Ignácio Loyola Brandão se projetou com um romance experimental (nos moldes do Valêncio, mas, perceba-se, publicado antes, em 1975). Zero é um romance-colagem, no qual um José e uma Rosa vão denunciar, de forma reinventada, o período da ditadura no país. É a expressão também de recortes de jornais e de todas as formas de escrita, em suportes como o out-door, ou as paredes de um banheiro de rodoviária.
Por fim, quero falar de Trapo, do curitibano (nasceu em Lages, vá lá!), Cristovão Tezza (ganhou o Jabuti de 2008 com O filho eterno). Reza a lenda que Trapo é sobre o Paulo Leminski. A novela traz a trajetória pós-mortem de um poeta cheio de recursos e pouco domínio sobre a língua, que deixa dois calhamaços de escritos, que são entregues a um professor de Português aposentado. A leitura dos textos transtornam a pacata vida do cara, que passa a (re)circular por uma Curitiba que atualiza a de Dalton Trevisan.
Mais recentes, os narradores de Fátima fez os pés para mostrar na choperia, de Marcelo Mirisola, e de Estorvo, Chico Buarque, os colocam entre os autores que desafiam as convenções.
Eis aí, numa panorâmica em 4 crônicas, o solo fértil da Literatura de Invenção.
Crônica de amanhã no Pioneiro.