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terça-feira, março 10

Do Princesa à Sinimbu

O Clube Princesa da Serra, o Baile do Doca, em Bom Jesus, se não tivesse caído há uns 15 anos, estaria completando 50 agora. O Salão do Doca era onde os negros e os pobres preponderavam, embora fosse aberto a todas as classes. Virou cenário para “grito de carnaval e adjacências”, um dos capítulos de Vitrola dos Ausentes, o livro que tem como pano de fundo Bom Jesus e não São José como se pensa.
O Seu Milito Tropeiro, filho de escravos, exercia sua majestade lá no Seu Doca. Sentava-se com respeito (ele respeitava e impunha respeito com isso) com uma porção de amigos (o Seu Morgênio, também tropeiro, entre eles) para beber uma cervejinha enquanto o cover dos Irmãos Bertussi executava o repertório inteiro.
O Seu Juventino da D. Lôra era outro que se sobressaía no Princesa. Era um negro que representava dignamente a Vila N. S. de Fátima que dava quorum nos bailes de sábado. E o meu padrinho João Maria, líder da Umbanda, que enfeitava o salão e puxava cordão de carnavalescos no Salão do Seu Doca. Eu era um pirralho (entrava com “ordem para trabalho”) e era garçom no Seu Doca. Daí, sem dúvida, o manancial de relatos para o capítulo do livro.
Ora, comprovadamente, a cultura negra (e os espaços derivados da mesma) sempre teve enormes dificuldades de assimilação. Basta se ler os cadernos de pesquisa do baiano Thales de Azevedo aqui em Caxias, nos anos 50, para ver escancarada a cara-torta com a cultura negra em nosso meio.
No sábado, fui ao desfile das escolas de Caxias. A dificuldade para se fazer o carnaval aqui, evidente na precariedade dos carros, é cristalina. E concluí: ir contra a maré, fazendo um carnaval fora de época, jamais colaria aqui mesmo.
E, daí, não estranho mesmo a rejeição ao Carnaval na Quaresma num primeiro momento. E o Campo dos Bugres que promove agora mesmo um rodeio (outro? Recém-acabou o de janeiro. Haja rodeios!!) e ninguém estrilou. Qual a diferença??
E as Domingueiras do Guarany (esta tortura dominical, das 14h às 21h todo o final de semana)? Não será pecado também continuar na Quaresma?
Fui ao carnaval e constatei ainda a pobreza de nossas alegorias e outros pontos. Mas, fui para vivenciar este carnaval em época inapropriada (que sou contra porque “desvirtua” o calendário, não por outro motivo. Aliás, deu pra ver que o público não tem nada a ver com aquele pessoal que vai para a praia; argumento descartado). Enfim, o que ficou bem evidente foi a velha dificuldade de conquista de espaços. Como o Baile do Seu Doca. E como demonstra a pesquisa do antropólogo Thales.

Crônica de amanhã no Pioneiro.

Obs: A rua Sinimbu é onde se realiza o Carnaval em Caxias do Sul.