Bardot & Barbará
Antes de seguir, cabe uma paralela. Se você entrar no Youtube, lerá comentários sobre a injustiça de Gainsbourg não ser reconhecido como o grande cancioneiro da fala em francês (e a redundância cabe aqui porque Gainsbourg não canta, “interpreta” canções). Se alguém não está ligando o nome ao estilo, lembre que Gainsbourg é autor da famosa Je t’aime moi non plus (com a Jane Birkin, ou com a própria Brigitte Bardot no original, fica ao gosto do freguês).
Quanto à Novo Mundo, é a minha sinfonia preferida. Houve uma época de vacas magras em Porto Alegre que eu tinha poucos discos. Um deles era a sinfonia do Dvorak. Quase furei o vinil de tanto rodar. O outro era o de uma Califórnia, que trazia a Era Uma Vez (versa sobre a lenda do Negrinho do Pastoreio), do Aparício Silva Rillo e do Mário Barbará. Também ouvi muito aquele disco que tinha o Negro da Gaita.
Mas, é no Barbará que quero ficar. Injustamente (“injustamente”, com a ênfase aquela do Tim Maia), o Mário Barbará não é reconhecido como merece nos ciclos das Califórnias da Canção de Uruguaiana. Ele enfileira, fácil, cinco ou seis canções num Top de 10 da Califórnia.
Sem contar Desgarrados, já um clássico da canção nativa do Rio Grande (parceria com o Sérgio Napp), é com o Napp que o Barbará tem ainda Retirantes e Onde o cantor expõe as razões do seu canto.
Mas, a sua melhor realização ainda se verá em Colorada, que por algum tempo, bem no começo, foi a abertura do Galpão Crioulo do Nico Fagundes.
Há uns 3 anos conheci São Borja. Pedi ao pessoal que me acompanhava sobre o Barbará. Disseram que vivia ainda por lá. Cruzaram o carro em frente a um casarão de esquina. “Ele mora aqui”. E seguimos. E eu pensava nesta grande crueldade de nosso meio cultural. O não-reconhecimento que sacrifica alguns, como o Mário Barbará Dornelles.
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