Os bonjas
Alguém conhece um “mau” Jesus?
Por isso, Bom Jesus é bom!
Minha mãe está sepultada em Bom Jesus. Em Bom Jesus sou o Paulo da Carmem.
A cidade é pequena, o nosso nome é como extensão da casa.
É o Juventino da Lôra. O Esnilzo da Cláudia. O Armazém era do Seu Candiago.
Quem zela por nossas lápides é o Azul Pedreiro.
Nascemos no Bonja e quem zela por nossos mortos é o Azul Pedreiro! Isso é bom. Por isso eu repeti. Quem zela por nossas coisas é a simplicidade. Nossa música? Uma gaita mal-tocada. Quem zela por nossas ruas é o vento e isso não é figura. No final das tardes um vento varre nossas ruas desertas.
Bom Jesus era melhor quando não se ouvia esta tabuleta a balançar com o vento.
Talvez alguém, mais adiante, reinvente o nosso Bonja. Por ora, sobra o apego. O sonho da volta, quem sabe, um dia.
Bonjandeses, bonjaianos, há um Bonja por toda a parte. Há um Bonja por toda a Bahia.
Há um Bonja que mora em Las Vegas. Em Criciúma, Joinvile, no velho Arroio há os bonjas em família.
De São Paulo, perguntam — e o Bagata, e o Hermeto? Um bonja se espalha, mas nunca esquece.
O Bonja e sua lágrima encoberta. Segue um bonja aí pelo mundo.
Há um Bonja na Argélia. Em Angola, Lisboa, Cuba. Há 100 mil bonjas só aqui em Caxias!
Quando é Bonja se vê que é Bonja. Pão de milho, pinho e neve, trazem a infância pros sites e orkut.
Bonja noche, Tio Purça, Craque!!! Bom Jesus da Bastiana e do Altino.
E em cada sua esquina sem paisagem hoje vejo nosso Bonja baldio. Nosso Bonja dos que partiram — esse Bonja que é só lembrança.
Muda do sol, flor na colina. Bom Jesus é o que define saudade.
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