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quarta-feira, fevereiro 11

Literatura de Invenção

Semana passada, contei aqui sobre a experiência de escrever 500 páginas prestando somente 40 na tentativa de um novo livro. Fosse literatura linear (pior ainda, fosse literatura clichê) talvez sobrassem umas 200 páginas. Mas, não. O que eu quis dividir com vocês foi o processo da Literatura de Invenção.
Literatura de Invenção. Tem alguma que não é? Sinto desapontar, mas a redundância é apenas aparente. Há algo mais aí. Donaldo Schuler, na Introdução do Volume I do quase ilegível Finnegans Wake, de James Joyce (o mais radical mergulho na expressão jamais tentado), escreveu: “Nem sobre enredo nem sobre processos verbais se profira sentença de experimentalismo gratuito. Joyce avança com expressividade reinventada. Invenções só falam a receptores inventivos”.
Eis a chave da leitura. É mais ou menos isso: (re)invenção, inventar em cima da invenção. Além da originalidade do enredo, da força da imaginação, as formas e os suportes devem estar à mão do sujeito. E seja que diabos seja, cinema, teatro, música, dança, fotografia ou ilustração, tudo isto bem conjugado com a palavra dá uma cria melhor.
Reinvenção com receptores inventivos. E há sobre este, digamos, “gênero”, uma trajetória de autores bastante consistentes (alguns também mestres na linearidade). Na Literatura Brasileira, por exemplo, Machado de Assis botou um morto a narrar sua vida e isto é uma senhora (re)invenção de narrador, e que fica à altura de sua excelência narrativa.
Lá fora, além do Finnegans Wake (o livro que persegue narrar um sonho inteiro. O doido do Joyce foi tão fundo na pesquisa com a palavra que inventou até a voz do trovão. Um rronnnkonnbronntonnerronntuon de preencher duas linhas ou mais), Ulisses refaz (ainda sob um enredo comum: 24 horas de um sujeito em Dublin) a forma narrativa de nosso tempo com a introdução do monólogo interior e a criação de palavras (palavras compostas jamais escritas) que trazem uma terceira dimensão ao que se lê.
Joyce paira como um fantasma sobre a literatura moderna desde que escreveu Ulisses em 1922. Mas, fantasmas por fantasmas, a novela mais esquisita que li foi Pedro Páramo, de Juan Rulfo, que faz de uma cidadezinha o maior labirinto literário que topei. Rubem Fonseca, em Lúcia McCartney, tem uma segunda novela embutida na primeira, a segunda novela inteira nos rodapés.
O tema da reinvenção é bom, vocês estão vendo. E continua semana que vem.
Crônica no Pioneiro de hoje.