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quarta-feira, fevereiro 25

Literatura de Invenção III

No pão de açúcar/ de cada dia/ dai-nos senhor/ a poesia de cada dia”. Isso que parece música popular (e é) pertence ao velho Oswald de Andrade, o ponta-de-lança da Literatura Brasileira Moderna (e um dos pilares do chamado Modernismo Brasileiro, que o Luís Augusto Fischer classifica mais como um “golpe” de letras tramado pelos paulistas). Então, pulei este cara e também pulei o Mario de Andrade e o seu herói sem nenhum caráter, Macunaíma. Claro, ambos estão inseridos na Literatura de Invenção que venho aqui falando
Oswald, aliás, é muito bem acolhido pela turma da Poesia Concreta que, ao fazer literatura em prosa, como Haroldo, avança a batida do autor de Serafim Ponte Grande. É o caso de Galáxias. Nestas “tábuas de prosa” que se prestam à leitura como páginas independentes, Haroldo de Campos faz soar as palavras, dá o tom numa espécie de prosa-porosa em sequência ainda poética. Circuladô de Fulô é o texto mais conhecido depois que Caetano Veloso o musicou.
Por afinidade com os concretistas, o poeta Paulo Leminski foi talvez quem melhor assimilou aquela corrente de experimentação (com a gênese vinculada a James Joyce) ao adicionar um tempero brasileiro a este tipo de texto. No romance Catatau, Leminski põe o filósofo René Descartes em plena Holanda Pernambucana, e insere a reinvenção do discurso (malandro, debochado) entre os holandeses então aqui.
Mas, contemporâneo ao livro de Leminski, quero ainda marcar um caso singular da nossa literatura feita à margem. Em 1977, Glauber Rocha saturado das cobranças (mais políticas que estéticas) sobre a sua trajetória, resolve sentar para escrever além de roteiros. O resultado é Riverão Sussuarana, um romance que traz como protagonista Guimarães Rosa apaixonado por Linda, a filha de Riobaldo com Diadorim, os personagens centrais do Grande sertão: veredas.
Glauber, ao mesmo tempo em que escolhe como pano de fundo a marcha da Coluna Prestes (da qual seu pai foi um dos integrantes), quer acima de tudo expressar a verdadeira fala do matuto do sertão. Glauber dizia que a literatura brasileira tinha esta dívida: dar voz autêntica ao sertanejo (que Rosa teria aprisionado ainda mais a “língua” do sertanejo no seu romance). O resultado é um cipoal de vozes que mistura o erudito com a fala autêntica dos nordestinos e não alcança um resultado, digamos, da lucidez revolucionária dos seus filmes. O livro vale pela coragem de Glauber em buscar ainda a inventividade em terreno minado por Guimarães Rosa.

Crônica de hoje no Pioneiro.