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terça-feira, outubro 7

O mago incrédulo

Participei na feira do livro de uma mesa com Fernando Morais sobre a biografia do Paulo Coelho. O Fernando acabou de escrever a melhor obra do Paulo Coelho. Porque a melhor obra do Paulo Coelho é a sua própria vida. Incrível que ainda esteja por aí, tantos foram os episódios que se envolveu no obsessivo projeto de ser um grande escritor.
Há mesmo uma série de tragédias na vida de Paulo Coelho que beiram o inacreditável e, Fernando Morais, um incrédulo, um materialista (não esqueçamos que são dele A Ilha, de Fidel, e Olga, do Prestes) se aproxima do bruxo munido deste arsenal ideológico. Além da mesa, tive o privilégio de outras conversas com Fernando, e nestas paralelas ele só reforçou a impressão que tive da leitura de O Mago. Li a biografia de 600 páginas em duas pegadas, e nem sou nada fã do Paulo Coelho. A vida do cara, que foi parceiro de Raul Seixas (aliás, uma pálida figura diante de tantas outras mais fortes) dava mesmo livro.
Paulo Coelho foi ator, hippie, quando se era hippie. Só que este espírito traz ainda hoje, misturado com um aguçado senso capitalista, fruto de sua origem classe-média carioca, num Rio que lhe ofereceu tudo à perdição: drogas, artes, belas mulheres.
E Paulo Coelho se deu mal nesse universo: o pai o achava irrecuperável, louco, e lhe impõe três internações numa clínica para a “cura” com eletrochoques. E Paulo Coelho passou ainda por torturas no DOI-CODI da ditadura.
Até encontrar Cristina e um certo Jean que mudariam sua vida. Cristina é a mulher com quem vive ainda hoje. Jean é o líder de uma seita (do bem, já que antes Paulo Coelho assegura ter tido encontros até com o demônio, como está numa cena de banheiro no texto do Fernando). A seita é uma tal RAM (cristã) e Paulo Coelho teve a aparição deste Jean (carne e osso) num campo de concentração na Alemanha. Esta epifania, digamos, seria seguida de 8 missões, ordálias, como dizem os místicos, mudariam a vida de Paulo, que por fim alcança seu sonho: ser um grande escritor, reconhecido e vendido.
Hoje, já vendeu mais de 100 milhões de livros e é mais traduzido do que Shakespeare. E deve muito à Cristina. Na virada de vida, início dos anos 80, criam um editora. Chamava-se Shogun e promovia concursos para garimpar novos escritores. Lembrei, lendo a biografia, que tenho um dos volumes da Shogun. Descobri que sou um daqueles. Meus primeiros editores foram Cristina Oiticica e Paulo Coelho.
Contei isso para o Fernando Morais que me ouviu espantado. O incrédulo Fernando anda mais atento às coincidências. Depois do Paulo Coelho anda um pouco místico.

(Crônica de amanhã no jornal Pioneiro.)