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terça-feira, outubro 14

O ipê de Eduíno

Assim como os nossos dias podem ser contados por episódios que não viraram notícia, também os livros de história podem trazer o melhor em suas notas de rodapé. Estive relendo a obra Município de Bom Jesus, de nosso historiador Arthur Ferreira Filho, e percebi as preciosidades que traz em seus pés de páginas.
O livro é de 1964 e, vejam só, logo de saída, a nota de rodapé na página 9:
“No momento em que escrevemos este trabalho, a devastação dos pinheiros é arrasadora e nulo seu replantio.”
Só isso! E diz tudo. É a nossa síntese. Ele diagnostica, em linha e meia, numa notinha de 1964, o que Bom Jesus estava promovendo como o seu futuro. A nota está no capítulo em que Arthur Ferreira trata da flora. Está dizendo que, exceção do pinheiro (araucária brasiliana), a flora bonjesuense não é das mais ricas. Descreve algumas madeiras de lei (cambará, canela, cedro, guatambú e bugre), destacando especialmente uma delas: o ipê amarelo, segundo ele, “a mais bela árvore do Brasil”, que na primavera se recobre de pétalas cor de ouro.
Nova nota de rodapé e lá vem o Arthur acrescentando: os capões da fazenda Santa Cruz eram ricos em ipê amarelo.
Ora (e agora a nota é minha), esta fazenda se notabilizou por ser a origem de um dos clubes de Bom Jesus, o Santa Cruz, que saiu de lá como time para rivalizar com o Juventude. Mais: pertencia a Hortêncio Dutra, irmão de João Dutra, um dos maiores botânicos brasileiros, e que doou sua biblioteca para a construção do hospital do Bonja.
Mais uma nota minha: consta que João e Hortêncio seriam descendentes de holandeses. Isso demonstra que, além dos índios nativos, lusitanos, alemães e italianos, tivemos outras etnias em nosso povoamento.
Arthur Ferreira segue em seu livro com outras preciosidades nas linhas de baixo: que o nome Rio do Inferno veio de Passo do Inferno, no Rio Pelotas. E nos informa que, comparado com outras regiões, foi mínimo o contingente de escravos nas fazendas de Bom Jesus.
Mas, os ipês nas terras do João botânico é que me chamaram mesmo a atenção. Coincide com uma destas cenas que não viram notícia, e que aconteceu no meu Bonja, agora, no dia 16 de Julho, data dos 95 anos do município. Nosso botânico amador (no sentido de amor às plantas) Eduíno Fernandes, alheio a todos, se dirigiu à praça Rio Branco e plantou uma muda de ipê amarelo. Foi uma demonstração silenciosa para valorizar a natureza e a vida. Seu Eduino fará 96 anos em novembro.
Nota: Acima, pinus, um deserto na sombra que tomou Bom Jesus depois das araucárias.
(Texto para o Pioneiro de quarta-feira.)