Marcenaria do Bonja II
— Quer jogar que acertou, minha senhora?
— Como assim?
— Quer jogar que é da marcenaria?
— Ãh... Não, eu não quero jogar. Eu só quero um armário.
— Pra mulher ou pra homem?
— Não entendi...
— Pra mulher ou pra homem o armário que a senhora quer?
— Ora, armário é armário. Serve pra homem, pra mulher, até pro padre...
— Quer jogar que não serve?
— Não serve?
— Não serve. Quer jogar?
— Não, não quero jogar. Eu quero apenas um armário. Seja pra homem, mulher, a rainha da Inglaterra. Eu quero um ar-má-ri-o!
— E pode pagar?
— Como assim? Claro que posso, não estaria ligando se não pudesse?
— Quer jogar como não pode?
— Meu senhor... Como é mesmo o seu nome?
— Beleco.
— Olha Seu Beleco, o senhor me diz o orçamento...
— Quer jogar que não dá?
— Ora, quer jogar, quer jogar! Quer jogar que o senhor é louco?
— Essa eu não jogo.
Barulho na porta. Entra o sócio:
— Alguém ligou, quem era?
— Uma doida que queria um armário e não sabia pra quem. Tava indecisa, coitadinha.
— Essa é boa. E você deu o orçamento, Beleco?
— Eu não. Como ela não sabia pra quem era o armário, eu também não sabia que preço cobrar.
— É isso aí. A gente nunca deve ser superior aos clientes.
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