Fogueira de livros
“Sorrio, sorrio. Um sorriso inteiro/Sou Rio, Sou Rio. Rio de Janeiro”.
E entra um batidão contemporâneo com referência às coisas que caracterizam a maravilha que é mesmo a cidade: a paisagem, o povo, as praias. A nomenclatura de cada bairro. Isso, e algumas propostas do Gabeira (regulamentar a situação das prostitutas; rastrear o mosquito da dengue através de um plano aéreo e programas de computador), me entusiasmaram. E foi só. No mais, a mesma política paternalista e coligações estapafúrdias até em São José.
Sim. Esta crônica é mais um petardo nos políticos (a segunda vez que toco no assunto), porque há tempo que reclamo que acertem uma conta aí. Como é que passou na Câmara, no Senado, e foi assinada pelo Lula esta aberração que é a Reforma do Português???
Olho aqui em volta. Devo ter muito mais de mil livros, documentos que a partir de janeiro estarão desatualizados. Estarão fora das normas, imprestáveis, um investimento de quase uma vida que servirá pra quê?
E meu projeto no Fundoprocultura? Recém fez um ano, publiquei um livro que distribuí na quase totalidade aos colégios? Nada mais valem. Nenhuma criança, claro, deverá fazer uso de um texto cheio de “problemas” gramaticais.
Inventaram uma reforma que nos fará escrever “linguiça” e assembléia sem acento. Querem “unificar” a nossa língua, só que aqui dizemos camiseta para as camisolas de Portugal.
Será que tal absurdo não tem volta??? Não haveria forma de brecar tamanha bobagem?
Olha, bem ou mal, eu escrevo, sou professor de redação no Jornalismo e mais estas crônicas semanais. Alguém me consultou? Quem nos perguntou se queríamos sujeitar o nosso idioma à inutilidade desta alteração?
Os ingleses ainda escrevem como Shakespeare escrevia em seu tempo. Nós? Pensamos numa fogueira de livros.
<< Home