A descoberta da inibidora
O fato é que na mesma feira se encontra a razão para a estratégia sensacionalista. Uma engenhoca chamada e-readers (avanço ao já existente livro eletrônico, porque dispensa o saco da caneta leitora que “interpretava” as letras) é a grande atração do evento.
Paulo Coelho, também por lá, se rendeu à força dos livros oferecidos para leitura eletrônica, e fez o elogio das novas técnicas. O cara, que é astuto, sabe mesmo que o caminho é este. Perdida a batalha, se alie ao inimigo.
Pena, mas as “garotas peladas fumando maconha” pouco conseguirão agora que ficou mais visível a suposta “morte” do livro tradicional. O livro tradicional está é muito vivo. O que morreu, na verdade, foi a afluência de novos leitores.
É bem óbvio: as duas ou três horas que destinávamos para a leitura de revistas, jornais e livros, foram deslocadas para a oferta eletrônica. As novas gerações migraram, com o seu tempo disponível, principalmente para a internet e os seus apelos.
Todos continuam lendo. Talvez, lendo mais do que nunca. Só que estão todos navegando, indiscutível constatação em cada aula que entro.
Mas, dos males o menor. Porque o mal maior é o que internet tem feito aos autores. Marcelino Freire já havia se queixado e o Mario Bortolotto agora também entrega os pontos: as centenas de portas em oferta no espaço da internet são as maiores inibidoras da criação.
Você que é pesquisador, escritor, qualquer outra área com intenção criativa, sabe do que estou falando: entra na internet e tem todos os jornais. E tem ainda a leitura de seus e-mails, em suas duas ou três contas. E mais a comunidade para ser conferida. E mais o orkut. E mais o blog a ser abastecido. E mais o blog dos amigos. E mais a wikipédia e Youtube. E mais os sites de fofocas. E mais o treino do Grêmio ao vivo. Nada pode ser pior.
Quando se dá conta, está lendo notícia da mulher fruta e outras tais. E lá se foram as tuas três horas. Talvez, por isso, as poucas novidades. Romances perdidos, irrecuperáveis.
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