O golpe na mendiga
Ao cinema gaúcho, Concerto Campestre, de Henrique Freitas Lima (na sua prestação de contas divulgada agora), talvez precise esclarecer porque aparece incenso, absorvente higiênico, pêra importada e até multas de trânsito de sua então Produtora, hoje integrante do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul.
Acabou sobrando para o Concerto porque a RBSTV vem denunciando alguns produtores culturais que andaram aí fraudando a Lei de Incentivo (aquela que o empresário financia projetos e depois abate no Imposto de Renda) e isto é o pior que poderia acontecer.
Desfalques, desvios em outras áreas, até se tem suportado. Na área econômica (bancos, telecomunicações, transportes), fortalecida em suas bases, os rombos têm sido absorvidos.
Agora, fraudar a cultura, isto arrebenta pelo meio. Arrebenta porque a cultura é a área mais desguarnecida de todo o sistema.
Não faz muito, escrevi aqui uma crônica chamando os artistas em geral de “mendigos culturais”. Só passando a bandeja para se sobreviver e fazer arte em nosso meio. Pois é desta bandeja que se serviram agora alguns produtores culturais, falsificando assinaturas para aprovação de projetos, com prestações de contas aí também sob suspeitas.
O estrago é imensurável. É estrago da credibilidade. Se, antes, os empresários já olhavam para a cultura de soslaio, imagine-se agora.
Só há uma coisa a fazer: identificar os projetos ilegais e banir de vez da cultura os seus autores.
Crônica para o jornal Pioneiro de amanhã.
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