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terça-feira, setembro 23

Lapidário para um banqueiro


Cifras, rubricas, eu vivi a liturgia do dinheiro. A Terminologia desta doença que sempre procurei manter mais próxima. A Verdade, a dedicatória mais tranqüila, o elogio mais sincero é o que deixo agora neste mármore. A sabedoria que traz um velho: eu nunca rasguei o dinheiro. Eu prezei o dinheiro, invoquei a sua virtude e estabeleci a sua seqüência nobre: de dinheiro em dinheiro se faz o monte. E eu fiz. Eis a minha sistemática. Nunca pisei em alguém por dinheiro. Eu soube do dinheiro o seu sentimento. E o que me deu o dinheiro é quase indescritível. Acordei, fui acordado e o meu sonho inteiro e pleno: o dinheiro! O meu amor em dinheiro. O meu teatro, entreato e todo o meu pagar o pato por dinheiro. Se eu fui feliz? Como valorar a minha felicidade se enfrentei ideologias? Mas, talvez, tenha eu vivido a felicidade, e, como disseram, eu me “vendi” ao dinheiro. Sem pestanejar, eu me vendi satisfeito. Dinheiro? O que é? No juízo do padre havia o dinheiro. Eu conheci gente e as suas limitações com o dinheiro. Não se compararam a mim que ouvi o eco do vil metal e plasmei a idéia. O meu amor tão só e solidariamente ao dinheiro. Ao dinheiro e ao seu apelo. Como o mais favorito esporte, o dinheiro. Por isso, o meu testamento se resume na indagação: de onde o dinheiro nasce? E outra: Como morri no dinheiro? Pratas contadas, ladainha sem tristeza, o meu testamento invoca a força e a ação do dinheiro. O doce dinheiro, o meu extenso índice de práticas voltadas ao acúmulo. Eu soube fazer de todos os meus motivos o dinheiro pelo dinheiro. Joguei dinheiro. Provei dinheiro. Respondi e expliquei pelo dinheiro. A minha liturgia foi a liturgia do dinheiro. Cláusulas para o dinheiro. E acrescentei cláusulas para iludir pelo dinheiro. Em meus fundamentos os meus 14 dinheiros. Em bi, em mi. Tive mulheres a escolher sapatos por dinheiro. A matéria do dinheiro sempre como o meu norte. Causa, fundamentos, respostas? Eu entendi a psicologia do roubo perfeito. Por isso, minha ode ao dinheiro. À sua feitura, à sua fartura e à escravatura do dinheiro. A escravatura que liberta!! Eis a minha metáfora, salmo, reza e versículo: dinheiro! Estalam os meus dedos. O canto da sereia do dinheiro. Jesus vem sentar aqui perto, Jesus vem falar de dinheiro. É o Jesus remunerado, é o resumo da vida em minha lápide.

(Texto para o jornal Pioneiro de amanhã.)