Roberto Carlos não fala
Mas vamos combinar que o Roberto Carlos é também um baita “embromeichon”. Enrolador que só ele, Roberto Carlos apareceu domingo ao lado do Caetano Veloso numa gravação depois do show que fizeram em homenagem ao Tom Jobim e à Bossa Nova.
Roberto Carlos tem 50 anos de estrada e também mais de 50 “álbuns” gravados. E o que um cara com toda esta trajetória, indo para a casa dos 70 anos, tinha para nos dizer?? Que acompanha a novela das 9!
Era isso! Sempre se dizendo “emocionado” com qualquer encontro, Roberto Carlos nos fez assistir a um Caetano simpático e educado com a sua declaração à Patrícia Poeta. Mas Caetano, numa ironia constrangida, não deixou de observar: “É, eu tô sabendo muito de Flora e Donatela”.
Roberto Carlos fatura milhões com seu contrato de exclusividade com a Globo. Roberto Carlos (dizem que supera Chico Alves) é o nosso maior intérprete e o mais popular cantor da história da música brasileira. Ele soube, em parceria com Erasmo (Chico Buarque é de outro naipe), cantar o amor e o cotidiano dos casais de maneira tão sincera e simples que certas canções suas beiram ao clássico. Outra Vez é uma dessas músicas (embora a letra seja de uma certa Isolda).
Mas, Roberto Carlos, como nas suas fraquíssimas entrevistas, também me pareceu sempre um pouco, digamos, ingênuo. E assim foi em sua carreira. É o típico caso de artista, criador, que não soube a hora de parar, de ligar o “sefragol” e não começar a sombrear as boas coisas feitas. Caminhoneiro, mulher de óculos, baleias são um verdadeiro estrago na grande trajetória do RC dos anos 60 aos 80, seu auge.
Roberto Carlos é meu ídolo, mas embroma. Patrícia Poeta, ao final da entrevista, lhe diz:
“Foi uma honra ser recebida por vocês”.
Roberto responde: “A honra foi nossa”.
Galanteio? Foi nada. É sempre esta “honra” aí, nesta “honra” ali (que ele diz também para Deus e o Chitãozinho) que Roberto Carlos me decepciona. Aliás, não conheça os seus ídolos. Não queira chegar perto ou ouvir os seus ídolos. É sempre uma furada.
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