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segunda-feira, agosto 18

Forma de prece

Não rogue ao espelho outra idade. Não rogue sorriso a quem te amarelou.
Não rogue aumento, trabalho, direito. Não se arrogue em preces quando é teu dever.
Não rogue o ar que os pássaros não pedem. Não rogue, não rogue mais.
Não rogue a boa música se os chatos comandam. Não rogue bom sono, silêncio, a lágrima de alguém.
E carro, casa, bom-humor, respostas. Não rogue explicação.
Não rogue Toulouse, a cidade de Havana. Não rogue um último olhar.
Não rogue nada, igualdade, o que seja: não rogue geometria, cinema e abacaxi.
Não rogue batismo ao teu filho, mãe carinhosa! Não rogue gramática aos pobres, nem hino ao dinheiro, ladainha ao dinheiro, não rogue o dinheiro jamais.
Não rogue doce ao vinagre — motivo! força! milagre! — não peça em oração.
Não rogue liturgia, cláusula, matéria (psicologia prum mal de amor).
Não rogue o pão, aos mortos, não rogue em caminhos tortos a escrita por direção.
Não rogue, nem escreva, invalide a página. Não rogue estrelas distraídas em pés de mulher.
É poema! Não rogue este processo. Não rogue este processo, a parábola e a metáfora, a tela comunista sem pintor.
Não rogue o salmo, ao padre, ao cálice. Não rogue teu batismo, repito, não rogue mais.
Só rogue teu nascer a Bom Jesus.

(Texto para o jornal Pioneiro desta quarta-feira)