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terça-feira, julho 22

Lista do retorno de Lisboa

Em 1985, criaram o curso de Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Estudante da PUC, atraído pelo canto da sereia, fui “terminar” meu jornalismo por lá. Quem dera! Era tudo muito teórico, muito blábláblá semiótico e nenhum raspãozinho na prática de jornal ou rádio. Aquilo viraria uma pequena agonia.
Eu era legal no país. Mesmo assim, com 120 escudos de “bolsa”, eu comi o pão aquele amassado. A grana mal dava pra comer, e quando comia era caldeiradas de peixe direto. Por instinto de sobrevivência, fui conhecendo pessoas que pudessem me arranjar alguns bicos. E foi assim que fui bater na porta do Diário de Lisboa, do Partido Comunista, e lá escrevi meus primeiros textos públicos. Entrevista com Dalmo de Abreu Dalari, que agora voltou às manchetes por ter alertado sobre o “problema” que seria a nomeação deste Gilmar Mendes no STF, indicado por FHC. Pelo DL, cobri a visita de Tancredo recém-eleito e conheci então Ziraldo, Antônio Britto, etc, os caras da Nova República.
Nesse meio tempo, conheci um cara chamado Duda Guenes, um carioca, Fluminense doente, que vivia em Portugal fazendo versão dos gibis de Walt Disney para a forma de falar dos portugueses. Confesso que eu sentia inveja do Duda. Um trabalhão daqueles era o que eu queria para o resto da vida. Filei muitos almoços na casa do Duda Guenes com a grana do Tio Patinhas.
Havia também em Lisboa, ligado às artes, o Jornal de Letras, dirigido pelo Fernando Assis Pacheco, que era um jornalista de muito boa formação e poeta. Por conta de um professor da PUC, José Edil, fui procurar então o Assis Pacheco para contar as minhas agruras de estudante que vivia com 120 escudos, coisa hoje, talvez, um salário mínino nosso.
Legal em Lisboa, o Assis Pacheco me acolheu não com páginas, mas com um espírito solidário que sempre agradeço. Me passava livros, me passou Herberto Hélder e disse. Este é o cara. Se você quer mesmo escrever dá uma olhada nisso. Pronto! Devo ao Assis Pacheco o meu afogamento definitivo.
Enfim, estou nestas voltas ao passado (quase sempre improdutivas e melancólicas) apenas para dizer que acompanho com muito interesse a “limpeza” que estão fazendo agora na Europa por conta da nova lei de migração, que vai botar muita gente pra fora.
Quanto a mim, mesmo legal em Lisboa, acabei voltando por conta de uma Lista de Retorno, feita pelo Assis Pacheco, que angariou fundos para a minha passagem. A lista teve o apoio até de um ex-presidente da República e do Raul Solnado, o maior humorista dos portugueses. Só podia acabar em piada.