OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

quinta-feira, junho 19

Notícias da vida

A última aparição do pintor Salvador Dali é impressionante. (http://www.youtube.com/watch?v=1gUFhqXPIto&feature=relatedyoutube.) Ela poderia ser evitada caso não estivesse morrendo “isolado” em Cadaques. Sem Gala ao seu lado, o grande amor de sua vida, Dali apareceria para uma entrevista coletiva pouco antes de sua morte.
O isolado é em termos, porque lembro (eu morava não muito longe dele, em Toulouse, e as notícias sempre chegavam), os paparazzi fazendo plantão na casa, correndo atrás das ambulâncias que buscavam Dali em cada recaída.
Seria uma cena patética não fosse a coragem de se expor na plena decadência, nosso incontornável destino. Trazia um fio no nariz da alimentação por sonda, estava ligado a aparelhos que denunciavam o aumento de sua agitação com bips contínuos nas breves palavras.
E Dali pronunciou:
“Os gênios não têm direito à morte em nome do progresso da humanidade”.
Jamais se apaga o nascimento de um filho de nossa memória “doméstica”. Da mesma forma, costumamos guardar estas “última aparições” de figuras públicas mesmo que por versões comentadas. Frei Getúlio, por exemplo, foi visto por último num domingo na Churrascaria Alvorada. Morreria minutos depois num acidente que completa 40 anos.
Tancredo Neves (lembram aquela foto para mostrar que estava “bem”?) veio a público com fios e aparelhos, “fotochopados” depois na publicação da imagem, tomado que estava por uma infecção antes de assumir a Nova República.
Anos depois (e lembrei disso agora na inauguração do seu museu em Porto Alegre) Iberê Camargo convocaria também a imprensa ao Moinhos de Vento onde era vencido pelo câncer. Disse também ali:
“Tudo o que eu fiz na vida eu fiz com paixão. Não sou homem de tocar as coisas com a ponta dos dedos”.
É tão importante o que disse, que a frase foi escolhida como abertura do seu site na internet.
Mas, o que queria destacar nestes homens é a coragem da última aparição. Quando a robustez física já se foi. Esta última aparição é uma mensagem muito direta: valeu, sim, tudo! Os olhos de Dali, por exemplo, estão alertas, muito vivos, desesperadamente clamando permanecer em vida. Querem mais tempo. Negam-se a ir.