A música das freiras
E as freiras, para indicar que estava acabando o recreio na Escola Nossa Senhora de Fátima, também colocavam a rodar uma outra clássica, meio aligeirada, um pararapampam que nunca mais ouvi e queria descobrir o nome.
A discoteca da escola, que teve até uma escola de música no seu térreo (o Conservatório Carlos Gomes, que teria dado origem ao grupo Os Serranos), no mínimo, era curiosa à época da Irmã Inocência. Em uma gincana de aniversário da Rádio Fátima de Vacaria pediram um disco do Roberto Carlos com a trilha de um dos seus filmes. Não deu outra. As irmãs tinham o LP Roberto Carlos em Ritmo de Aventuras, aquele filme que traz as melhores imagens de um Rio de Janeiro que já não existe.
Mas, desse tempo, ficou mesmo gravada uma estrofe de uma daquelas músicas ufanistas que aprendíamos no tempo da ditadura. “Marco extraordinário/ Sesquicentenário da Independência/ Potência de amor e paz/ Esse Brasil faz coisas/ Que ninguém imagina que faz...”
De fato, estavam torturando e colocando nos porões aqueles que ousavam ir contra o regime. O nosso Sesquicentenário da Independência foi, claro, em 1972, e eu estava na Terceira-Série. Desfilamos com bandeirinhas e tal, e as irmãs (coitadas!) nada podiam com isso, já que o país inteiro marchava na linha reta do Emílio Médici.
Outro dia, fui ver se sobraram resquícios daquela comemoração. E não achei no Youtube o “hino” do Sesquicentenário. E em toda a internet só tem um cara que menciona isso, na trajetória do São Paulo, o clube. E eu queria ver isso postado. Afinal, não podemos apagar marcas e vestígios de nossa história, mesmo que eles venham na voz de um Dom e Ravel...
E daí que é preferível o Creu esse de agora, quando temos a opção de desligar ou mudar de canal. Quando nem as irmãs estão obrigadas a isso!!
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Democracia é discutir, é poder falar, é pedir equilíbrio e razão enquanto a sociedade se ajusta. Estamos no segundo estágio da nossa democracia. Na política, no trânsito, música, e por aí vai...
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