A carta de Alice
Estou lembrando de um livro que refaz a trajetória dos Tietböhl, Jacoby, Hoffmann, entre outros, e a sua condição também de imigrantes. À certa altura, a narradora nos fala das portas abertas da casa da sua Tia Lúcia, sempre pronta a ajudar ao próximo.
De fato, é muito comentada em Bom Jesus a história do Poço de D. Matilde, a matriarca dos Tietböhl, mãe de Lúcia e avó desta Alice autora do livro.
D. Matilde cedia a sua fonte, que ficava pegada à casa, para servir toda a cidade de água pura e saudável, quando Bom Jesus ainda não tinha água tratada.
Para entender essa índole dos Tietböhl e outros alemães que lá chegaram é preciso reconstituir o seu caminho, explicar esse caráter próprio talvez ao pomeranu — o homem que vive próximo ao mar, no caso o Báltico, de onde exatamente migraram. A bucólica Pomerânia encravada entre lagos e rios no nordeste da Alemanha.
Em 1824, para povoar as regiões de fronteira, conflagradas, o Império incentiva a imigração. Em 1827, se instalam no Vale do Rio Três Forquilhas — região de Torres — os colonos alemães protestantes. Vão trabalhar a terra e produtos agrícolas nas escarpas da Serra Geral. Em Três Forquilhas se destaca a liderança do Pastor Voges, que vem a ser tio da jovem Matilde.
Anos depois, com a morte de Voges, o pastor substituto começa a criar caso com os alemães de Três Forquilhas, achando que estivessem “abrasileirados”. Inconformados com a nova liderança (entre eles Pedro Tietböhl que casara com Mathilde), decidem subir a serra em direção ao 3º Distrito de Vacaria, Bom Jesus.
Lá, junto com a família de João Carlos Jacoby, tio de Mathilde que mudara junto, se dedicarão ao cultivo da terra e à agropecuária. Participarão, portanto, de toda a evolução de Bom Jesus (capela criada em 1879 e somente emancipado em 1913).
É esta contribuição dos alemães que está no livro Cartas da Pomerânia de Alice Tietböhl Toigo. Vamos publicar, Alice!
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