A voz negra se defendeu nas cordas
Naquela noite, Muhammad Ali, depois que se tornara adepto da religião muçulmana e se negou ao Vietnam, atraiu sobre si todos os holofotes. E soube muito usar a mídia por seu alto potencial para sacar as brechas, as oportunidades que lhe abrissem.
No embate, ele provou contra o gigante que, com sua agilidade e astúcia (o seu jogo de pernas e o descanso nas cordas), abateria Foreman com a sua inteligência. A montanha de carne e osso que lhe atingia apenas o fígado, desnorteada, não entendia de onde partiam aqueles jabs certeiros.
Impávido, Ali resistiu ao massacre até cansar Foreman. Há um momento em que Ali se desvia nas cordas, pra trás, como um bicho acuado, e Foreman passa direto, estendendo o corpanzil quase lá na platéia.
Depois dessa, o nocaute era em minutos.
Mas, saber quem era o cara mesmo, é depois da luta. No vestiário do estádio de Kinshasa, Cassius Clay (o seu nome de batismo, antes de um escravo) foi perguntado se aquele era o momento mais feliz da sua vida:
—Não, não e não. O melhor momento de minha vida foi quando me tornei Muhammad Ali para defender os negros.
É isso aí.
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