A riqueza por dois dias
Tenho, por exemplo, uma crônica pronta sobre o “fenômeno” do Jornalismo no vestibular deste ano na Universidade de São Paulo. Não publico por parecer cabotino, as inscrições da UCS estão aí abertas.
Também não divulgo aqui as porradas que levei com o meu último livro, que não sou masoquista. E, divulgasse também os elogios, seria pior, pareceria um abobado, usando o espaço pra insuflar a vaidade.
Apontar a decadência do meu Bom Jesus é outra coisa que evito. Seria deixar Bom Jesus ainda mais fragilizado, e eu sempre recuo. Prédio, banco, time, tudo isso me aborrece. E assim vou podando os meus assuntos.
Quando a coisa aperta mesmo, como hoje, eu corro pro Pioneiro (já que estou também tomado do pior jornalismo, que é deixar de andar nas ruas). Domingo, por exemplo, o jornal nos convida a ser Papai Noel este ano.
Achei bacana, principalmente porque a matéria mostra que a iniciativa de ajudar crianças pobres partiu de jovens que sabem do que se trata “ser pobre”. Bacana!
Por outro lado, a matéria me fez lembrar de iniciativas paralelas, e que são bem intencionadas na essência, mas das quais eu discordo.
Este negócio, por exemplo, de algumas entidades ou clubes pegarem crianças em instituições para passar um final de semana bem na ocasião natalina. Tenho até alguns amigos que fazem isso: tiram as crianças do seu meio (menos favorecido, dizemos) e num final de semana dão roupas, passeiam, dão festa. Na segunda-feira, devolvem a criança ao seu mundo.
Acho isso, como dizer?, uma boa intenção ofuscada. Por que não doar a grana direto (e é tão óbvio!!) àquelas instituições, colégios ou creches que são o universo daqueles meninos e meninas? Por que mostrarmos “a riqueza” por 48 horas e devolvermos a criança na segunda??
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