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sábado, novembro 17

Partida

Há sempre alguém partindo por opção, por remédio, pela segunda ou terceira vez.
Do espiritismo, partindo de imediato, há sempre alguém partindo dos toldos, partindo ciganos, sem herança, solidariedade, sem olhar pra trás.
Há sempre alguém partindo do fundo do coração.
Apresentando a barriga... grávida porta rude de um pai!
Há sempre alguém partindo transpassado de flecha, punhal, triste e só.
Um crespúsculo humano, alguém partindo, quem sabe distraído, há sempre alguém partindo sem amor.
Há sempre alguém partindo, haverá, dos confins, na canção, há sempre alguém partindo pura e absolutamente num momento febril: partindo choco, ofendido, sem graça e sendo ainda honesto em suas convicções.
Há sempre alguém partindo por perseguição.
Há sempre alguém partindo pra guerra, no entre-guerras, em prece, por gesto, há sempre alguém partindo sem um destino melhor.
Há sempre alguém partindo no olho d’água que verte na face. Há sempre alguém partindo sem saber, pra se salvar, há sempre alguém partindo por indescritível intuição.
A nadar pelo rio, a partir de um incêndio como da árvore a folha cai.
Há sempre alguém partindo nos braços de outros, com um medo, para onde?, para quê?, como um fugido?
Há sempre alguém partindo como açúcar, alho, pilha, como penicilina em caixotes.
Há sempre alguém partindo com uma coragem triste.
Uma mãe deixando o seu rosto no avental e há sempre alguém partindo no sol de chinelo.
De um fracasso de amor.
(Há sempre alguém partindo enquanto a mulher faz as unhas!!)
Há sempre alguém partindo como um foguete, aproveitando a folga, a invenção da pólvora, partindo na estação.
Por temor, piedade, muita estrela!?, há sempre alguém partindo, não se sabe, há sempre alguém partindo da idéia dos já esquecidos.