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Migração
O ganha-pão de quê? de suor, de sangue, do esperma de qual pai? O ganha-pão entre os arames que cercavam o pasto, o ganha-pão dos gritos e salivas de cada mãe e o filho de alguma delas que voltava da pescaria, da lida bruta das pedras, do ganha-pão cuidando de lã, do ganha-pão cuidando de carne, do boi no campo como ganha-pão quando o ganha-pão lhes dava o pão naquela terra depois devastada e quando resolviam sair de lá para também encharcar o peito das mães naquelas despedidas com as chapas ardendo e o frio o frio pra quem ficasse nos seus tanques também com as roupas pesadas e acenavam pouco e era um adeus um triste adeus pesado de casacos e no remoer dos dentes e era muito frio na emoção aflitiva daquelas mulheres que ficavam e eram depois aquelas mulheres num Glória a Deus seco e com eco e o ganha-pão estava então mais no pensar que poderia ser um seu filho que voltaria como um corpo identificado assim como sempre depois voltariam muitos dos seus filhos daquele ganha-pão urbano onde não havia menina e menino que entendesse o que era VOLTA e havia então um balançar dos cabelos como grãos de milho desgrudados e isso servia para compor o choro de primas e primos que ficaram a jogar bochas com achas nas cercas e São Sebastião no quadro da parede depois de todas as toras decepadas e arrastadas ainda em carne viva em São José dos Ausentes no ganha-pão da madeira por um trêmulo salário que servia para a cachaça e então o mijo morno que é próprio do bêbado clareado por lua e céu e o que ao céu cabe dizer de joelhos circunflexos os filhos e filhas que ficaram? Um bicho e sua virtude como proteção? E qual rabo de nuvem sobrou daquele momento do abraço? E qual rabo de nuvem ficou como a cópia de uma gravidez? Beijavam o santinho no peito.
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