OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

sexta-feira, setembro 28

Quando a conversa muda

Só temos tempo para conversar com medo. Uma hora com o médico, quinze minutos com o filho, um aceno pra mulher.
Só temos tempo para conversar sobre o próprio tempo, sobre uns rabos de nuvem e uma certa frente fria que o Uruguai nos traz.
Só temos tempo pra conversar quando há surpresa, um assalto, um crime, quando sobra pra nós.
A conversa do tanque, muito menos, Bagdá.
O desemprego e o divórcio. Conversar fazendo negócio. Conversamos com um abraço na aflição do adeus.
Temos tempo para um barbante? Conversar sobre panquecas? Conversamos pulando de assunto, conversamos fazendo desenho e o ponto que o rio subiu.
Sobre a gravidez, quando é grave. Sobre um hobby, se é vício.
Conversamos com intervalos, conversa no pé da cova, conversa de ex amor.
Conversar pra lembrar de chuva, conversa pra boi dormir.
Conversamos sem partitura, sem ritmo, sem graça, interessa é a bolsa que humilha e a família real.
Conversamos se há lágrimas. Conversamos um filho dos outros e a queda do avião.
Conversamos — e é sobre a Pátria, sobre a esperança e a náusea. Conversamos, se sobrar tempo, e aí já é muda consolação.