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quarta-feira, setembro 5

O patrimônio do silêncio

A peça de um suspensório, uma boneca desnuda, um distintivo do Grêmio.
Um bule com manchas de cinza, um apito jogado longe, a folha que foi do plátano.
O balde, um bombo e um surdo, um prato de louça sujo, panela de chumbo torta.
Um vestido desbotado, um lápis todo barbudo, um lampião banhado em cobre.
A cristaleira trincada, um ano inteiro a caneca, a meia dúzia de cálices.
Um beija-flor sem o bico, um livro dos perseguidos, escala e mais partituras.
Recortes de folha larga, gravuras de amor em couro, um tambor ali destapado.
O vento que entra na fresta, uma cesta que jaz num canto, ponteiros em descontrole.
Uma honra já sem moldura, a cadeira toda de vime, um funil já preto, mas liso.
Um tarro pintado em verde, um pegador retorcido, de brasa, o fogareiro do mate.
Uma fábula faltando bicho, a faca sem cabo e uma broca, um álbum tomado de teias.
Uma pipa de guardar lágrima, aquela garrafa roxa, a jarra num tom de vinagre.
Um alambique caseiro, um casaco de solteiro, um berço, caveira e pedaços.
Um selo embebido em cera, a cinta de um Sidino, a arte que resta num frasco.
Um Cristo torneado em prata, um olho feito de vidro, um peso e mais 5 litros.
Um garrafão e galochas, um velho bodoque, uma rosa, borracha de pôr na cintura.
A cifra de um certo Hortêncio, receita de doce-de-gila, galhetas de usar na missa.
Uma bolsa usada por doentes, um formão de mau aspecto, formigas que andam amiúde.
Um papel de casamento, um véu de usar no luto, figuras de uns jogadores.
Um casco de tartaruga, um tostão falsificado, Deus em dobro escrito num pano.