A mecânica da viagem
Há a mecânica da luz e dos grilos. Há a mecânica numérica e esta da enrolação.
Das sombras, das árvores e do oculto. Toda a mecânica humana se resume num salão.
A mecânica quando dança. A mecânica das águas, a mecânicas das asas, do pretérito e do bebum.
A mecânica do processo, das nuvens, a mecânica da paciência e do gesto, a mecânica das latas e do cirurgião.
A mecânica do Dire Straits, do Led, do Tião Carreiro e Pardinho, a mecânica que toma as rédeas do cavalo no galpão!
A mecânica que desbota o jeans, tinge as patas, a mecânica do chapéu de Labeo.
A mecânica do espaço — do balde no poço — a mecânica da linha de passe e da infinita aliteração.
A mecânica da mecânica é a acrobacia. A mecânica que funde o verbo no livro é a chamada edição.
A mecânica litúrgica e a mais recente do pastor.
A mecânica das mangas, pra usar Havaianas, a mecânica que tem a forca e desses olhos da moça ali: a mecânica de criar beleza e maneiras de amar.
São mecânicos os prosadores, os otimistas. Toda a mecânica do alpinista está em não olhar pra trás.
Não é dom é um propósito. A mecânica é juntar conteúdo na forma e fazer viajar!
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